Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A mulher cananéia.




Paz e Bem!

Lemos nesta Quinta Feira o Evangelho de São Marcos 7, 24-30, quando Jesus vai, pela primeira vez para uma terra estrangeira, e lá pretende se esconder , se ocultar em uma casa que S.Marcos descreve ser um lugar onde Ele não queria ser encontrado.

Porém, uma mulher , mãe de uma filha doente, conseguiu encontrar Jesus e então, atirou-se aos Seus pés, como derradeira esperança de sua vida, em busca da cura para sua filha.

Trata-se do episódio conhecido como a perícope da mulher cananéia.

A perícope da mulher cananéia é uma das passagens mais enigmáticas do NT porque, em uma leitura mais rasa, o que aparentemente  vemos seria uma atitude de  certa arrogância por parte de Jesus, que dá  uma má resposta àquela criatura.

Uma negativa, a principio, em  praticar que Ele pregava, o amor ao próximo, seja este próximo quem for.

E também contrasta com a Missão, que ao final Ele dará aos Apóstolos de irem por todo o mundo batizando todas as nações, anunciando a todos o Evangelho da Salvação, como estamos lendo esta semana no Evangelho de Marcos.

Entretanto, o que vemos aqui é um aparente contra senso, uma distância entre a presença de Jesus em território pagão , dizendo que veio "somente" para as ovelhas perdidas da casa de Israel, como consta na narrativa idêntica em Mateus.

A Cananéia, ou a região de Tiro-Sidônia, estava fora das fronteiras do Israel Bíblico, situando-se onde hoje é o Líbano.

Os cananeus eram tidos pelos judeus como o que existia de pior no paganismo, impuros ao extremo, chamados de cães, daí a alusão às "migalhas para os cahorrinhos!" portanto, o que Jesus fazia lá se Ele veio apenas para as ovelhas perdidas de Israel?

Bem, este era o discurso, posto assim nos evangelhos de Marcos e Mateus,  para contrastar com o que efetivamente se deu.

Creio que esta frase do Senhor > que veio para as ovelhas perdidas da casa de Israel, marca um aparente  contraste entre o discurso e a prática de Jesus.

Mas, o  que fez a mulher? Ela se conteve diante da imensa distância entre ela e o Filho de David?

Não, ela extrapola.

Ela é o sinal , o primeiro sinal da universalidade do Evangelho , escrita  assim como uma situação de aparente humilhação, mas que ao final revela a misericórdia de Deus diante da humildade do pedido.

É que  a mulher cananéia somos todos nós, porque todos nós não somos "casa de Israel", todos nós temos nossos demônios que precisam ser expulsos, e todos nós precisamos de um Salvador que os expulse.


Naquele momento, somos aquela mulher pagã, todos nós precisamos de nos reconhecer indignos de receber a misericórdia, mas todos nós devemos insistir , clamar por ela, bater na porta, insistir, alargar os limites do Reino de Deus, clamar por ele, construí-lo.

E a mulher cananéia faz tudo isto, ela não se acomoda nem se fecha na sua condição de proscrita, de pagã, ou de impura. Tudo isto para ela não tem a menor importância.

O que importa é que ali estava o Senhor, e que havia a dor da sua filha que precisava ser curada.

E é o que Jesus faz, Ele cura, Ele não dá à mulher as migalhas que sobram da mesa do dono.

Ele lhe dá a inteireza do Bem, o alimento mais rico que está em cima da mesa, intacto, efetivo, inteiro, grande, abundante > a Sua Misericórdia, que, a partir da narrativa de Mateus/Marcos, se torna universal, se justifica universalmente menos pela humildade da prece,porém, mais pela ousadia de pedir, não importando em que condição estivermos nós, pecadores, proscritos, miseráveis, pagãos, cães, alijados, perdidos. Pedir,  porque confiamos que o Deus de Israel pode nos visitar na Pessoa de Jesus, não importando toda a nossa indignidade.

Penso assim, vejo assim a perícope da mulher cananéia, creio assim no Senhor que vem ao meu encontro, mesmo indigno, como eu sou.

Frei Bento , irmão menor e pecador.

Um comentário:

  1. A fé desta mulher podemos colocar em igualdade com a fé do Centurião, que Jesus foi mais um pouco mais além por sua admiração, que chegou a declarar que dentro de Israel não havia encontrado um homem de fé como a pessoa do Centurião. E disse dele o seguinte em Mt 8:10 – Em verdade vos digo que a ninguém encontrei em Israel com tamanha fé.
    A fé em sua composição se apresenta com as suas mais variadas formas e manifestações, de como agradar a Deus na conquista do coração divino. A fé que agrada a Deus é aquela que não aceita a derrota. Não aceitar, um não como resposta, não aceita ser desapontada, não aceita zombada, ou até ser desacreditada. A fé não olha para os obstáculos, não vê o perigo, não aceita rejeição, não se conforma e nem descansa enquanto não ver de tudo resolvido, e com as coisas tudo no seu lugar. Isto agrada a Deus. É o que Deus mais quer é se sentir buscado. Deus tem o prazer de ver suas criaturas lhe procurando.

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