Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.
Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

domingo, 28 de agosto de 2011

A nossa cruz do dia a dia.






Paz e Bem !

O Evangelho deste 22º Domingo do Tempo Comum, é São Mateus 16 , 21-27.

Nele está escrita a proposta de Jesus “Se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me. Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á’. (Nieztche odiava esse trecho).

Mas , porque devemos renunciar a nós mesmos? Não estamos satisfeitos conosco? Porque renunciar ao que nos é cômodo e seguir uma vida de cruz?
 

Vejamos um exemplo , um trem nazista carregado de judeus que eram embarcados na ilusão de irem para uma vida melhor, eram iludidos com a falsa promessa de que o destino que lhes aguardava era bem melhor do que os guetos onde habitavam. E lá iam eles , como ovelhas para o matadouro. Porém em alguma eventual parada do trem, alguém conseguia avisar para eles qual era o destino terrível que os aguardava, E muitos conseguiam fugir.

Nós estamos também no trem da morte, a nossa vida viaja inexoravelmente para a morte.

O que o Evangelho nos propõe quando nos exorta a renunciar a nós mesmos e a descer deste trem, é subir no outro que conduz à vida.

E o trem que conduz à vida é a fé em Jesus que disse: “Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá”

O convite do Senhor neste Evangelho de hoje é o de assumirmos o Seu Eu, termos parte no Eu de Cristo, o Eu que será pregado na cruz e atrairá muitos a Si. E se morrermos com Cristo com Ele ressuscitaremos.

Isso é o que significa as palavras que escutamos: “Aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas aquele que tiver sacrificado a sua vida por minha causa, recobrá-la-á”.

Negar-se a si mesmo não é uma operação auto mutilação e renunciadora, mas o golpe de audácia mais inteligente que podemos realizar na vida.

Mas que fique bem claro: Jesus não nos pede para renegar o “que somos”, mas “Naquilo no que nos transformamos”.

Porque somos pecado e maldade, enquanto a nossa vocação é a de sermos imagem e semelhança de Deus, desde o “nosso Gênesis pessoal” e para conseguirmos isso, deveremos negarmos a nós mesmos, tomarmos nossa cruz e seguir o Eu do Senhor.

Escolhe , pois, a vida. Deut 30,19.

Frei Bento, frade menor e pecador

sábado, 27 de agosto de 2011

Quantos talentos devolveremos ao Senhor?





Paz e Bem !


A liturgia da de hoje,  Sábado , nos fala do valor de nossas atitudes diante dos outros como uma forma de espelharmos na terra o que é o reino do céu.


É o texto de Mateus 25, 14-30 onde Jesus nos conta a parábola dos talentos, nos conta do Senhor que parte e deixa os seus tesouros nas mãos de 3 servos para que eles os multipliquem pelo seu trabalho. 


Ao voltar o Senhor cobra o que foi feito dos talentos, os dois que receberam mais multiplicaram o que receberam e , em troca, receberam grande recompensa. 


Porém o último nada fez e o que lhe foi dado foi tirado e repassado ao que mais rendeu.


Aqui se trata de Jesus contando uma parábola onde o talento, medida de alta soma de dinheiro grego-romano, tem o significado de grande tesouro sim, mas em termos de dons.


Quantos dons nós recebemos e não compartilhamos, quantos talentos, no sentido de dons, Deus nos dá e nós não exercemos.


E não se pode esquecer que Jesus começa a narrativa deste capitulo 25 dizendo “ o reino do céus é semelhante a...”.


O reino do céus é o reino de Deus, esse reino que antevemos  aqui na terra, mediante a vida em  fraternidade e  partilha,  no exercício da caridade e do amor ao próximo seja ele quem for.


E Jesus mesmo dirá na seqüência de Mateus 25 , quem são aqueles que são a Sua imagem, quem são aqueles com quem devemos gastar nossos talentos: “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes.”( v40)


Não há louvor a Deus sem amor ao próximo, amor sem querer nada em troca, amor pelo dever de amar.


São esses o talentos que devermos mostrar ao Senhor quando Ele voltar.


Que responderemos ao Senhor quando Ele nos cobrar os talentos que nos confiou?






Frei Bento, frade menor e pecador.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Estejam preparados.






Paz e Bem !

Prosseguindo as Parábolas do reino, Jesus nos conta hoje em Mateus 25, 1-13, a Parábola das dez virgens, cinco são prudentes, 5 não são.

Adormeceram esperando o Noivo, umas cuidando de ter azeite suficiente para acender as suas lâmpadas na hora mais escura da vida , outras apenas tinham lâmpadas, mas sem azeite, sem combustível suficiente para mantê-las acesas.

E então veio o grito dos Anjos, O Noivo vem aí., saiam ao seu encontro.

As virgens imprudentes , tomadas pelo inesperado , já não providenciaram o azeite para iluminar a noite escura das bodas do Noivo, e pedem às prudentes> dá nos um pouco de teu azeite, porque nossas lâmpadas estão apagando. 

Mas era impossível, cada uma tinha o suficiente para manterem acesas suas esperanças. 

Vão procurar quem venda o azeite, porque o que temos não basta para todas. 

E enquanto as virgens imprudentes foram buscar quem lhes vendesse, o Noivo veio e as bodas começaram, e as portas foram fechadas. 

As virgens incautas ficaram de fora; a porta do lugar das bodas fechou-se para elas.

Essas parábolas sobre o fim , têm todas elas, um fio condutor comum , falam do fim, do nosso fim, da nossa morte e da nossa relação com Deus neste momento escuro os Anjos nos dirão> “O Noivo vem aí., saiam ao seu encontro”

Aqui já não é mais um convite, é uma ordem o verbo é imperativo: saiam! 

Não há mais como ficar adormecidos no relativismo da nossa fé, é o momento em que encontraremos o Senhor que vem buscar cada um ,individualmente, nosso juízo particular. 

Onde sermos julgados pelas obras que fizemos, ou que deixamos de fazer, seremos julgados pelo amor, São Paulo nos escreve sobre este momento: “Porquanto todos nós teremos de comparecer manifestamente perante o tribunal de Cristo, a fim de que cada um receba a retribuição do que tiver feito durante a sua vida no corpo, seja para o bem, seja para o mal”( II Cor.5,10)

E então os que viveram a retidão da fé, amaram a Deus sobre todas as coisas, e os seus semelhantes , cuidaram dos irmãos que sofrem, esses terão o azeite suficiente para iluminar a noite escura da sua alma, os outros...

Quanto de azeite tem em nossas lâmpadas? Porque o Senhor vem !


Frei Bento , frade menor e pecador.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O que fazer nas demoras do Senhor?





Paz e Bem !

No Evangelho de hoje, Quinta feira, Mateus 24, 42-51, Jesus nos alerta para que vigiemos e oremos, porque não sabemos o dia que o Senhor vem.

Esta volta do Senhor tanto pode significar o momento de nossa morte e o conseqüente juízo particular , quanto a volta do Senhor nos fins dos dias, quando seremos julgados perante a História.

E Jesus trata esta questão usando a simbologia de um ladrão que pode no assaltar a qualquer tempo ( e hoje assaltam a todo tempo, nas ruas, e em outros lugares também).

Ninguém está livre dos assaltos violentos e dos assaltos em nome de Deus, ambos nos subtraem dinheiro e dignidades.

Mas Jesus nos conta a parábola do servo fiel, para nos dizer o que fazer , o como vigiar e orar> o servo fiel é bom é aquele que está no lugar do Senhor e cuida dos seus, cuida de suas necessidades, os alimenta, os protege. 

O servo infiel é aquele que por não mais esperar o dia do Senhor, promove a injustiça e colabora com o pecado. 

Ao primeiro, ao servo fiel, Jesus acena com a posse dos seus bens, que é a posse do Reino, ao segundo, ao servo infiel restará ser contado entre seus iguais, os hipócritas.

Vigiai e orai significa praticar a Justiça, viver na retidão, praticar a partilha dos bens entre aqueles que nada têm, em nome do Senhor. 

Esses pequeninos são os mesmos que,  no capítulo seguinte do livro de Mateus, serão descritos como o próprio Cristo > pobre, sedento, faminto, doente, perseguido, o estranho.

A pratica da Justiça, que é o outro nome do Reino, é a oração verdadeira e a vigilância eficaz.

E esta prática da Justiça é que constrói pontes,  entre nós e o Senhor , que virá, certamente,  em um dia inesperado....

Procuramos o Senhor nas nuvens ou no rosto do nosso irmão que tem fome e sede de pão e de Justiça?

Frei Bento, frade menor e pecador.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

A Virgem Maria e o Anjo, diálogos de possibilidades .



Paz e Bem!

Hoje, dia 22 de Agosto, a Igreja festeja Nossa Senhora Rainha, com a narrativa da anunciação de Maria pelo Anjo do Senhor conforme Lucas 1,26-38.
A festa de Nossa Senhora Rainha acontece um dia após a Assunção de Maria, e contemplamos a Virgem coroada pela Santíssima Trindade na realidade transcendental.
O Evangelho nos conta do diálogo entre o Anjo Gabriel e sua “Kechatoriemene”
É um diálogo de impossibilidades que se tornam possibilidades no espaço de Deus com o Homem.
Antes o Anjo havia anunciado a Zacarias o nascimento de João, agora, é o anúncio do nascimento de Jesus, aquele que se fará por obra do Espírito Santo no espaço da temporalidade humana.
O nascimento de João é anunciado ao pai dele, Zacarias, porque era um nascimento humano, por isto Jesus dirá mais tarde que dos nascidos de mulher, não houve alguém maior do que João. Quer dizer, dois nascidos da relação humana , nenhum é maior que João.
O anjo porém anuncia o nascimento de Cristo à sua mãe. De certo, o nascimento de Jesus é  uma obra infinitamente maior do poder de Deus.
É de uma virgem que oVerbo criador, que formara Adão  da terra  virgem do Paraíso  virá retomar a raça de Adão  para introduzi-la definitivamente no Paraíso.

Mas voltando ao nosso diálogo angélico, temos que o  termo kecharitomene foi usado uma só vez na bíblia em Lucas 1-28, o Anjo não disse "Caire Marian" e sim "Caire Kecharitomene" como um nome novo, um vocativo para Maria, esse termo deriva do verbo "Charitoo" que significa, encher, completar, superabundar de graça, o prefixo "Ke" e o sufixo "mene" indicam os tempos da ação, Maria foi desde o princípio de sua existência e eternamente será plena de graça, ela não conseguiu essa graça com o tempo, ela teve desde o princípio por singular privilégio e será eternamente assim, completa, cheia, feita de graça não há outra como ela. Só ela é chamada assim, a bem amada do poderoso, a pré-destinada a ser a Mãe do Senhor, a kecharitomene, a imaculada, Senhora da Graça Plena.

E depois de explicar o motivo de sua vinda o Anjo Gabriel diz à Maria que ela conceberá e dará a luz a um filho, um menino que será chamado santo, Filho de Deus" E Maria interpõe: como se dará isso se eu não conheço homem nenhum, e o Anjo explica que a sombra do Altíssimo a cobrirá e o Espírito Santo a tornará grávida de Jesus.

"Porque para Deus nada é impossível”.

Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!”.

Estamos ai diante do diálogo onde uma impossibilidade natural > tornar-se possibilidade real, estamos diante do Deus do impossível, tornando possível o que é sua Vontade.

Estamos diante da primeira cristã a aceitar como possibilidade aquilo que o mundo julga impossível.

E assim será toda a nossa historia no cristianismo, crer, ainda que tudo pareça absurdo , porque crer em Deus envolve crer para além de toda Esperança.

Se crermos como Maria seremos como ela foi, confiante na Palavra de Deus e um dia o Senhor dirá, como disse sobre Maria quando a mulher da rua a bendisse por ter gerado Jesus. Ele dirá que antes são bem aventurados os que ouvem as palavras de Deus e as colocam em prática.

Exatamente o que a Virgem Maria fez, diante da impossibilidade que se tornaria toda a possibilidade.

Crer envolve uma grande predisposição para aceitar que o impossível se torne realidade.

Festa de Nossa Senhora Rainha  MMXI AD

Frei Bento, frade menor e pecador.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Você ama a si mesmo ao ponto de amar o próximo?





Paz e Bem !

O Evangelho desta Sexta Feira é o texto de S.Mateus 22, 34-40.
Nele está contido uma das verdades basilares do cristianismo, os mandamentos de Jesus, aqueles que resumem toda lei e todos os profetas: amar a Deus sobretudo e amar ao próximo como a si mesmo.
Detendo nesse “como a si mesmo” é que poderemos entender o quanto é necessário nós nos amarmos com o amor que Deus nos ama.
Existem pessoas que são tão tristes, amargas, magoadas, feridas, insatisfeitas, mal amadas, doentes emocionalmente, mentalmente e espiritualmente que não conseguem ver o outro , a não ser com esses olhos doentios delas.
Por isso vemos tantas agressões, tanta incompreensão, tanto desatino, tanta intolerância por parte de alguns, que se traduz num olhar de rapina sobre todos os demais que vivem bem, são felizes, tem a doçura para falar das coisas de Deus porque sabem que o Senhor os ama como eles são, com seus defeitos, suas incapacidades, seus limites.
E não ficam como os saduceus do Evangelho de hoje, atordoados em decorar a Bíblia inteira para usá-la a seu favor e contra o outro.
Que bela lição Jesus deu a eles, Jesus quis dizer a eles: vejam bem, não procurem se justificar pela Lei para se sentirem melhores, apenas amem a si mesmos, porque então vocês poderão amar a Deus e ao próximo.
É o que S.Paulo dirá mais tarde, quando escreveu que a letra mata, mas o espírito a vivifica.

Temos tempo para suportarmos a nós mesmos ?Ou vivemos  perdendo  tempo procurando o defeito no próximo> quando este defeito provavelmente estará em nós mesmos ?

Frei Bento, frade menor e pecador.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Muitos serão chamados, poucos os escolhidos. Para que?








Paz e Bem !



Lemos nos últimos dias Jesus falando aos seus e insistindo sobre a necessidade do desapego a tudo que nos pesa e nos limita no compromisso do Reino, para que saibamos que o nosso lugar nesta espera é sempre o último, porque o último sempre é o que mais tem esperança.

Os que estão no fim da fila são sempre os que mais esperam, os que mais anseiam, e quando conseguem , dão valor ao que conseguiram de forma mais excelente do que aqueles que sempre foram os primeiros, os que nem sempre experimentam a esperança como forma de vida. 

Assim como o Reino de Deus é construído não pelas certezas, mas pela esperança, os últimos saberão o sabor de terem alcançado o seu objetivo.

Mas Jesus hoje nos fala em Mateus 22, 1-14 de um Banquete, o símbolo do Reino de Deus, a terna festa que Deus nos prepara , a mesma festa que o pai Misericordioso deu ao filho pródigo, porque esse estava perdido e foi achado, estava morto e reviveu.

No evangelho de Mateus de hoje o Senhor convoca os homens para uma nova aliança, simbolizada pela festa de casamento. 

Os que aceitaram o convite ocupam silenciosamente os seus lugares no banquete, foram chamados e foram escolhidos, estão dignos do rei.

Os que rejeitam o convite são aqueles que se apegam ao sistema religioso que defende seus interesses e, por isso, não aceitam o chamado de Jesus. 

Estes serão julgados e destruídos juntamente com o sistema que defendem. 

O convite é dirigido então aos que não estão comprometidos com tal sistema, mas, ao contrário, são até marginalizados por ele. 


Começa na história novo povo de Deus, formado de pobres e oprimidos. Os vv. 11-14, porém, mostram que até mesmo estes últimos serão excluídos, se não realizarem a prática da nova justiça, dos que não se revestem deste traje de festa.


Este texto coloca em xeque a tese da predestinação calvinista, pois que para entrarmos nesta festa, para não sermos lançados ao lugar onde há choro e ranger de entes, temos de agir, temos de nos vestir conforme a festa oferecida, a salvação, temos de ser dignos dela.


E os salvos, aqueles ultimo que entraram  sem serem  convidados, se  esses também, não se revestirem  das vestes da justiça, de São Paulo nos fala: Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo. ( Conf. Efésios 6,11), também não serão dignos da bodas do Rei.


Portanto, praticai a justiça e detestai a iniquidade.



Já aceitamos o convite para esta Festa? Já estamos usando a as vestes da Justiça e do Amor?

Frei Bento, frade menor e pecador.







quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Parábolas de Jesus - Somos todos primeiros , ainda que sejamos os últimos?



 Paz e Bem!

No trecho do Evangelho lido hoje,  Mateus 20,1-16 , Jesus nos desconcerta com a Parábola do Dono da Vinha que saiu de madrugada para arrumar operários para seu vinhedo.
Mais uma vez o Senhor compara o Reino de Deus a algo que foge à nossa lógica
Desta vez nos conta a estória do Dono da Vinha sai pela madrugada para contratar o serviço de alguns, depois às 9 horas da manhã para contratar mais operários, depois ao meio dia, depois às 3 da tarde e se tudo isto não fosse o suficiente, às 5 horas da tarde, na última hora útil do dia, pergunta aos que ainda estão desocupados se não querem eles irem trabalhar também.
E eles foram, por último.
Mas todos receberam ao final da jornada uma mesma moeda de prata, independente da jornada de trabalho que tiveram.
Isso segundo nosso senso de justiça é inconcebível, quem trabalhou mais deveria receber mais e quem trabalhou menos, o menos.
Mas esta é uma parábola que traduz a misericórdia de Deus. É Deus o Dono da Vinha e a Vinha é o Reino de Deus.
Para Deus não importa a hora do Homem, porque sua Misericórdia se estende a todos, independentemente do momento da nossa adesão ao Seu projeto, e aqui, a moeda de prata representa o Amor de Deus como recompensa dada a todos, a qualquer momento.
E ao empregado que reclamou que trabalhou mais e, portanto, merecia maior recompensa, o Dono da Vinha responde, não sintas inveja por eu ser bom.
É que o Amor de Deus não é distribuído de forma desigual, a todos Ele dá o que “foi combinado”.
Esta aparente ilógica, é a resposta para aqueles que se sentem merecedores de recompensas maiores porque se sentem “donos” de Deus, os verdadeiros adoradores , os primeiros em números e lucros. No entanto, quem veio por último , o que aderiu ao projeto da Vinha de Deus na hora derradeira, mereceu a mesma recompensa. Ele foi o último, mas para Deus Ele é o primeiro, como todos nós somos os primeiros, desde que saibamos ser , como os últimos.

Frei Bento, frade menor e pecador.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Os primeiros serão últimos, e últimos > primeiros.






Paz e Bem !

O Evangelho do hoje nos trás frases recorrentes , que sempre são repetidas , se tornaram meio que lugares comuns no discurso cristão, mas se balizaram.Jesus , no texto de Mateus de hoje, 19, 23-30, nos diz que é mais fácil um camelo entrar pelo buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus...

Nos diz também que todo aquele e aquela que deixar suas casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, campos, por causa do Seu nome, receberá muitas vezes mais, e terá como herança a vida eterna.E termina dizendo> “Muitos que agora são os primeiros, serão os últimos; e muitos que agora são os últimos, serão os primeiros.”

Esta frase de Jesus está inserida lógica do Reino, que não é a nossa, não contempla os valores da nossa sociedade que valoriza o TER não a procura do ser. Na lógica do Reino de Deus os primeiros são os últimos de nossa sociedade, os desempregados, os famintos, os sem ninguém, os perdedores da vida, os “improdutivos”.

O Reino de Deus não tem a lógica do capitalismo, o valor do Reino não é o da riqueza mas o valor da vida. Mateus escreve seu evangelho para pagãos que passaram a fazer parte da comunidade dos primeiros cristãos e haviam conflitos entre eles e os judeus convertidos, mas ainda sob o domínio da Lei.

E S.Mateus escreve de forma a deixar claro que não existem diferenças entre eles, que uns não se sobrepõem sobre outros , que quem quiser ser o primeiro , que seja o último.

No nosso tempo , teremos a coragem de dar nosso lugar privilegiado> para os que estão no fim da fila?São eles os primeiros na lógica de Cristo, será na nossa?


O Evangelho tem suas exigências, e deve ser aceito integralmente , não nas partes que nos convém aceitar e citar para humilhar o próximo.

Aprenderemos essa lição de hoje e seremos cristãos autênticos nas exigências do Evangelho, ou somente naquilo que nos convém ser?



Frei Bento, frade menor e pecador.






segunda-feira, 15 de agosto de 2011

A Assunção da Virgem Maria, a mulher que sempre subiu ao encontro de Deus.





Paz e Bem !

Hoje a nossa Igreja Particular solenemente festeja o Dogma da Assunção de Maria, o último dos dogmas marianos, o único ato de infalibilidade do papa a ser definido  depois do Vaticano I.

Pio XII, talvez tendo em mente os horrores da Guerra, os corpos dilacerados de tantas vitimas do conflito, simboliza todos eles no corpo de Maria assumida inteiramente por Deus ao findar sua peregrinação sobre a terra.

Não, os evangelhos não falam sobre a assunção de Maria, porque os evangelhos são cristocêntricos, foram escritos para proclamar a salvação operada em nós por Jesus Cristo, o único Salvador, por meio do qual todos seremos redimidos de nossas falhas pelo dom de Seu amor para conosco.
Maria não está nos Evangelhos em posição de grande destaque, ela sempre foi humilde, sempre se colocou na palma da mão de Deus e permitiu que Deus nela fizesse maravilhas, e que maravilhas seriam essas? Só o coração dela saberia dizer.
Ser a mãe do Senhor?

Sim.
 Ser a bendita entre as mulheres?
 Sim
 Ser aquela que todas as gerações proclamariam bem aventurada?
Sim.

Ser aquela que se põe a serviço do próximo? Como diz o Evangelho lido hoje, Lucas 1, 39-56 onde o evangelista destaca que Maria sobe "apressadamente" até a casa de Isabel sua parenta.

O detalhe é o apressadamente > A atitude daquela que tinha pressa em ser presença, de ajudar, tinha pressa em cuidar , tinha a pressa de mostrar ao mundo o bendito fruto do seu ventre imaculado.

E nas outras pasagens qem que Maria é citada ela sempre está a serviço, desde quando ela responde ao Anjo do Senhor "faça-se em mim segundo a Sua Palavra".

Naquele instante Maria mudou sua vida, ali Maria entendeu que sua missão seria gerar a Graça, ser a mãe da Graça, que é Jesus.

E no Magnificat ela profetizará, que o mesmo Deus que a salvou por primeiro, a separou de todas as outras , a contou bendita entre todas as outras, este mesmo Deus, seu Filho, Nosso Senhor, iria redimir o mundo.Maria sobe:

Desde Nazaré a Belém,

De Belém sobe ao Egito,

De Nazaré sobre a Caná,
 

De Caná sobe a Jerusalém,

De Jerusalém sobe ao Calvário e lá é restituída à sua humanidade, aos seu filhos, na pessoa do discípulo mais amado, que somos todos nós, aqueles que a acolhemos.

E se a acolhemos em nossas casas, o Senhor Deus também a acolheu na Sua, porque Maria volta para o Pai de onde veio a sua eleição.

Maria sobe enfim ao Pai,  porque Deus a assumiu por inteiro a sua corporiedade desde sempre, para ser aquela onde a maior maravilha da História se realizaria, o mistério de Deus que se encarna e se faz homem em seu ventre, na plenitude dos tempos.

Maria está intimamente ligada a Jesus, ambos se encontram na plenitude dos tempos, quando Deus envia o seu filho , nascido de mulher, (Galatas 4,4).

A Assunção de Maria é a nossa assunção também, é o final de um processo de vida entregue à votade do Pai, coroamento de sua missão, galardão por sua vitória.

Maria subiu ao Pai , a nova Arca da Aliança que surge no novo Templo de que fala a leitura de hoje, a Arca viva que conteve o Deus vivo, a Palavra feita carne, não a

Palavra feita em pedra.

Reflitamos > nos permitimos ser assumidos por Deus como Maria foi?Integralmente?

E fazemos na nossa vida esta constante caminhada para as coisas do alto?

Nossa Senhora da Boa Viagem rogai por nós.


Bento, frade menor e pecador.

domingo, 14 de agosto de 2011

Jesus veio para todos !




Paz e Bem!

Lemos neste Domingo , no Evangelho de São Mateus 15, 21-28, a história da mulher cananéia que já havíamos refletido anteriormente conforme Marcos 7, 25-30. O texto é basicamente o mesmo , também nos fala de quando Jesus vai, pela primeira vez para uma terra estrangeira, e lá pretende se esconder , se ocultar em uma casa que S.Marcos descreve ser um lugar onde Ele não queria ser encontrado.

Porém, uma mulher , mãe de uma filha doente, conseguiu encontrar Jesus e então, atirou-se aos Seus pés, como derradeira esperança de sua vida, em busca da cura para sua filha.

Trata-se do episódio conhecido como a perícope da mulher cananéia.


A perícope da mulher cananéia é uma das passagens mais enigmáticas do NT porque, em uma leitura mais rasa, o que aparentemente  vemos seria uma atitude de  certa arrogância por parte de Jesus, que dá  uma má resposta àquela criatura.

Uma negativa, a principio, em  praticar que Ele pregava, o amor ao próximo, seja este próximo quem for.

E também contrasta com a Missão, que ao final Ele dará aos Apóstolos de irem por todo o mundo batizando todas as nações, anunciando a todos o Evangelho da Salvação, como estamos lendo esta semana no Evangelho de Marcos.

Entretanto, o que vemos aqui é um aparente contra senso, uma distância entre a presença de Jesus em território pagão , dizendo que veio "somente" para as ovelhas perdidas da casa de Israel, como consta na narrativa idêntica em Mateus.

A Cananéia, ou a região de Tiro-Sidônia, estava fora das fronteiras do Israel Bíblico, situando-se onde hoje é o Líbano.

Os cananeus eram tidos pelos judeus como o que existia de pior no paganismo, impuros ao extremo, chamados de cães, daí a alusão às "migalhas para os cahorrinhos!" portanto, o que Jesus fazia lá se Ele veio apenas para as ovelhas perdidas de Israel?

Bem, este era o discurso, posto assim nos evangelhos de Marcos e Mateus,  para contrastar com o que efetivamente se deu.

Creio que esta frase do Senhor > que veio para as ovelhas perdidas da casa de Israel, marca um aparente  contraste entre o discurso e a prática de Jesus.

Mas, o  que fez a mulher? Ela se conteve diante da imensa distância entre ela e o Filho de David?

Não, ela extrapola.

Ela é o sinal , o primeiro sinal da universalidade do Evangelho , escrita  assim como uma situação de aparente humilhação, mas que ao final revela a misericórdia de Deus diante da humildade do pedido.

É que  a mulher cananéia somos todos nós, porque todos nós não somos "casa de Israel", todos nós temos nossos demônios que precisam ser expulsos, e todos nós precisamos de um Salvador que os expulse.


Naquele momento, somos aquela mulher pagã, todos nós precisamos de nos reconhecer indignos de receber a misericórdia, mas todos nós devemos insistir , clamar por ela, bater na porta, insistir, alargar os limites do Reino de Deus, clamar por ele, construí-lo.

E a mulher cananéia faz tudo isto, ela não se acomoda nem se fecha na sua condição de proscrita, de pagã, ou de impura. Tudo isto para ela não tem a menor importância.

O que importa é que ali estava o Senhor, e que havia a dor da sua filha que precisava ser curada.

E é o que Jesus faz, Ele cura, Ele não dá à mulher as migalhas que sobram da mesa do dono.

Ele lhe dá a inteireza do Bem, o alimento mais rico que está em cima da mesa, intacto, efetivo, inteiro, grande, abundante > a Sua Misericórdia, que, a partir da narrativa de Mateus/Marcos, se torna universal, se justifica universalmente menos pela humildade da prece,porém, mais pela ousadia de pedir, não importando em que condição estivermos nós, pecadores, proscritos, miseráveis, pagãos, cães, alijados, perdidos. Pedir,  porque confiamos que o Deus de Israel pode nos visitar na Pessoa de Jesus, não importando toda a nossa indignidade.

Penso assim, vejo assim a perícope da mulher cananéia, creio assim no Senhor que vem ao meu encontro, mesmo indigno, como eu sou.

São Frei Maximiliano Maria Kolbe, herói  franciscano da 2ª guerra cuja memória hoje recordamos, rogai por nós.

Frei Bento , irmão menor e pecador.

sábado, 13 de agosto de 2011

O Reino que pertence aos pobres.





Paz e Bem !


Neste Sábado lemos o pequeno texto do Evangelho de Mateus 19, 13-15, quando Jesus pede que levem a Ele as criancinhas. Ele as acolhe e as abençoa.

Mateus insiste em dizer que os discípulos as repreendiam, e Jesus lhes diz para que não impeçam as criancinhas de irem a até Ele porque o Reino do céu pertence a elas. As abençoou e partiu.

Por que esta atitude dos discípulos de impedirem os pequeninos de chegarem a Jesus?

As crianças não foram colocadas no Evangelho pela sua natural pureza e inocência. 



É mais do que isto, as crianças são o símbolo dos pequeninos, dos excluídos, no tempo de Jesus elas não tinham um “Estatuto da Criança e do Adolescente”, não tinham direitos, nem eram contadas no censo. 


E assim como as mulheres, as prostitutas, os leprosos, os inválidos, eram consideradas à margem da sociedade dos judeus.

Mas na lógica de Jesus elas são o centro, porque são pequeninos, assim como no Reino de Deus os pobres , os doentes, os perseguidos, os famintos é que formam o núcleo que recebe o Evangelho em preferência, e os que irão levar o Evangelho ao mundo inteiro.

Um Reino de fracos e pecadores, de doentes e de perseguidos, são o centro e os primeiros  no Reino que está em meio de nós.

Desde quando Jesus leu , no inicio de sua pregação na Sinagoga de Nazaré, o texto do Profeta Isaias 61, 1s que profetizava > O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu; e enviou-me para anunciar a boa nova aos pobres, para sarar os contritos de coração, para anunciar aos cativos a redenção, aos cegos a restauração da vista, para pôr em liberdade os cativos, para publicar o ano da graça do Senhor.

E como todos fixassem o olhar Nele , Jesus então lhes revela:

Hoje se cumpriu este oráculo que vós acabais de ouvir.

E no Evangelho de hoje Ele abre o Reino aos pequeninos deste mundo , aqueles pequenos que tantos impedem de chegar até lá. Ainda nos nossos dias, onde os pobres, os doentes, os fracos, os pecadores, não são considerados como economicamente viáveis para muitos "reinos de deus".


Frei Bento, frade menor e pecador.


sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Sobre o matrimônio, sobre a castidade, sobre o celibato.





Paz e Bem !


Meus irmãos caríssimos, a pergunta acima não é minha, é dos fariseus que tentavam Jesus com suas perguntas, como esta do Evangelho desta Sexta Feira, Mateus 19, 3-12.

Perguntas  para as quais não queriam respostas, porque a intenção deles era apenas tentar Jesus em alguma contradição.

Ora, como Jesus é Deus, em Deus não há contradição alguma.

A contradição é algo muito humano, e nela caem aqueles que não se sentem seguros de suas respostas.

Jesus devolve aos fariseus a contradição na qual eles queriam tenta-lo, pois a Lei de Moisés permitia o divórcio, e eles sabiam disto.

Mas o importante aqui não é a Lei como resposta, é o espírito da Lei que Jesus invoca para justifica-la > Moisés permitia o divórcio por causa dos corações endurecidos dos homens.

Mas por que?

Podemos ler no Deuteronômio 24, 1-4, primeiro que não foi Deus quem “permitia” a carta de divórcio, é Moisés quem a permite para que a mulher hebréia pudesse ter um novo começo, uma nova chance, visto serem consideradas como meras propriedades dos homens de seu tempo.

Uma sociedade assim, onde os homens detinham todos os direitos e a mulher nenhum, contrariava fundamentalmente a verdadeira Lei de Deus, aquela que os fariseus não queriam se lembrar, a Lei de Deus que diz em Gênesis 1, 27 e 2, 24,  que Deus criou o homem e a mulher, à Sua semelhança os criou;  e o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e unir-se à sua mulher , e eles se tornam uma só carne.

E assim unidos ,em  uma só carne, separar o homem de sua esposa, é separar o que Deus uniu.

A lei de Moisés é o resultado histórico de sua época, não nos serve como referência.

O que é a nossa referência é a que O Cristo fala, e Ele , como Verbo de Deus nos diz,  de forma inseparável :  "não separe o homem o que Deus uniu."

Quem assim age, o faz na dureza de seus corações,a mesma dureza dos fariseus, que ainda andam por sobre a nossa terra, destruindo aquilo que Deus criou  e viu que era bom:  a natureza, a humanidade, a família.

Porque os fariseus de todos os tempos não procuram o Bem , nem o Bom.  São fariseus, aqueles que perguntam sem se interessar pelas respostas, aqueles que escondem o sentido de todas os seus vãos questionamentos> a morte, seja da nossa Fé, como os fariseus de hoje, seja a morte do Cristo, como os fariseus de Seu tempo.


São também os mesmos fariseus que até hoje perguntam porque o padre opta por não se casar, e se utilizam de vários versículos fora de seu contexto para tentarem provar que padre TEM  de ser casado. Ora , eles agem como se tivessem algum interesse pelas coisas da Igreja que abandonaram.


Para eles hoje Jesus nos diz também sobre aqueles que optam por não exercerem a sexualidade por amor ao Reino, o amor do sacerdote pela cruz de Cristo que nos faz optar por sermos como Jesus, até mesmo na opção pelo amor universal.
E Jesus  termina por dizer> Quem puder compreender, que compreenda.


Fariseus e neo fariseus , jamais compreendem nada.


E nós? 

Frei Bento, frade menor e pecador

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Hoje é dia de Santa Clara de Assis !!! Você pediria a Deus o privilégio de ser pobre?






Paz e Bem !

Hoje , Quinta-Feira dia 11 de Agosto, nós recordamos a doce irmã Clara, a plantinha de Francisco, que foi cuidada pelas águas da providência divina.
Santa Clara escolheu, junto com S.Francisco, a irmã pobreza como o altíssimo ideal de vida, vivia pobremente no convento de S.Damião, junto à capelinha que Francisco restaurou , restaurando sua vida..
O bispo de Assis ao ver as condições do mosteiro de S.Damião onde Clara e as irmãs viviam, disse a ela, mas como você vai cuidar de si e de suas irmãs nessa pobreza extrema? Clara respondeu pedindo ao bispo apenas um "privilégio", o bispo pensou, bem, enfim alguma lucidez nessa menina, deve pedir algum privilégio que lhes dê mais conforto e tal, entretanto irmã Clara pediu: quero o privilégio de viver na pobreza, para que eu possa verdadeiramente entender a vontade de Deus para mim e minhas filhas, porque somente não tendo nada poderei entender que tudo que o Senhor me der será por Sua Altíssima Vontade, não da minha. Esse privilégio da pobreza significava esvaziar-se de si para que Deus agisse , pela providência.
Para muitos isso soa como uma grande idiotice, mas para Clara e para Francisco, viver a pobreza significava deixar que Deus agisse, que pudessem ver que não tendo nada, o pouco que passassem a ter era pela misericórdia divina. E dai vem toda essa espiritualidade franciscana, se deter nas pequenas coisas porque são elas as verdadeiras dádivas de Deus, assim como Jesus disse dos pássaros que não fiam nem tecem mas nem Salomão jamais se vestiu como um deles. Sentiam-se assim, passarinhos de Deus. Sendo como passarinhos podemos ser leves, e poderemos até voar na imensidão do grande amor de Deus por suas criaturas.
Infelizmente essa espiritualidade primitiva da Ordem passou, a OFM se transformou numa Ordem rica, influente, cheia de frades muito sábios em conventos muito confortáveis.
Mas hoje em dia o que se procura é reviver essa pobreza privilegiada de Clara e Francisco, para que possamos ser leves, para que possamos ver Deus agir.
Tudo isto pelo privilégio de ser pobre num mundo de ricos e de "prósperos".

Você pediria a Deus o privilégio de ser pobre para que Deus seja Deus e que faça a Sua vontade e não a sua?


Frei Bento, frade menor e pecador

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Por que temer, pequenino rebanho?





Paz e Bem !

Evangelho de N.S.Jesus Cristo segundo São Lucas 12, 32-48.

O Senhor nos fala das exigências do Evangelho. O Evangelho que precisa que deixemos tudo para que nossa “ bolsa” não envelheça. O Senhor nos manda acumular riquezas no céu, onde nenhum ladrão roubará, nenhuma traça, ou ferrugem as destruirá.

É que o valor do Reino é o que doamos do que somos.

O valor do Reino é o valor da nossa Fé , da nossa Esperança , como nos diz a a Carta aos Hebreus 11, 1-2 e 8-19 : “A fé é a garantia dos bens que se esperam e a certeza das realidades que não se vêem”, mas também é o valor da Caridade, como Jesus nos pede : “Vendei o que possuís e dai-o em esmola.

Assim, que nosso tesouro esteja na perfeita Caridade, que S.Paulo Apóstolo dignifica como a maior das três virtudes que aqui falamos.

Mas “ não temais pequenino rebanho...”

Aqui, e na vida nossa de todos os dias, cada vez mais nos alarmamos com as ofensas , com os cruéis julgamentos, as indignidades que fazem contra a Igreja do Senhor, contra o povo de Deus, cada vez mais apóstatas, cada vez mais imoralidades, cada vez mais a sociedade volta as suas costas para o verdadeiro Deus e depois O culpa por suas misérias, ou cobra Dele as ações que tantos de nós não realizamos.

Quantas ofensas ao Senhor, quantos inimigos possui o pequeno rebanho !

Principalmente de seu próprio meio. Aqueles que deveriam agir como o servo vigilante da parábola que encerra o texto de Lucas que refletimos , mas que pela “demora do seu Senhor”, já não vigiam, nem oram, nem cingem seus rins, nem acendem mais suas lâmpadas.

Perderam a esperança da volta do Senhor, por julgarem que Ele não vem mais.

Mas o Senhor sempre está a nossa porta e bate.

O Reino que hoje Jesus nos promete, não é dos primeiros, dos grandes, dos poderosos. É o Reino dos pequeninos, dos pobres, dos doentes,dos fracos, dos últimos : o pequenino rebanho. Um Reino de exigências porque> “a quem muito foi concedido, muito será exigido, e a quem muito foi confiado, mais lhes será pedido.”

Onde está o seu tesouro aí está o seu coração. E o Senhor nos pergunta também hoje: Onde anda seu coração?

Frei Bento, frade menor e pecador !

domingo, 7 de agosto de 2011

Para muitos de nós , ainda hoje, Jesus continua a ser um fantasma?





Paz e Bem !

No Evangelho deste Domingo>  São Mateus 13, 22-33,  lemos que Jesus , logo após a partilha dos pães e dos peixes,  manda que os discípulos entrem na barca enquanto Ele permaneceu em terra,  despedindo-se da multidão, saciada pelo milagre.

Passou o tempo e veio a noite, e um vento forte ia contra os remadores cansados.
Jesus vai até eles, caminhando sobre as águas.

Esta imagem de Jesus caminhando sobre o mar evoca a imagem do Genesis quando  nos diz que o Espírito de Deus pairava sobre as águas. A identificação é imediata, também Jesus, sendo Deus, paira sobre as nossas águas contraditórias. 


Também vem a nós,  fazendo manso o irmão vento, e  embarca em nossa vida.

Mas, muitos de nós, assim como aqueles discípulos, não O reconhecem , porque nosso coração também está endurecido, nossos sentidos se recusam a ver o Cristo que compartilha com todos os dons de cada um. Não conseguimos ver nem entender o Cristo vindo até nós nas nossas tempestades e cansaços,  e então, nos recusamos a vê-Lo. 


Ele , para muitos de nós, é apenas um fantasma,  não o Próprio Deus,  que se revela na partilha e na solidariedade com os que nada tem .

Muitos de nós não entendemos o dom da partilha , nem mesmo nos preocupamos com a fome do pobre e do pequenino, e aqueles que se preocupam com esses menores, se tornam fantasmas a assombrar as consciências que se acusam na  omissão.

O Cristo , que para tantos é apenas um “ milagreiro”, acionado a todo tempo aos berros, para que lhes dê automóveis onde colocarão  adesivos: “Propriedade de Jesus”, “ presente de Deus”, etc. é apenas um fantasma.  Algo que não existe, que não vive.

Entretanto, é apenas  para esses que Cristo é um fantasma, uma vez que  o Cristo real,  é  Aquele que  " sacia de bens os famintos e despede os ricos sem nada”

E muitos  nem querem saber desse Cristo: porque O temem, porque Ele: "abate os poderosos de seus tronos e exalta os humildes".

Ele é apenas um fantasma que eles temem, porque  se recusam a “dar eles mesmos de comer”, aos que tem fome. A vê-Lo nu, faminto, sedento, doente, perseguido, oprimido, nos menores > que são os verdadeiros herdeiros , os primeiros, no Reino de Jesus.

E somos nós também , que a nossa Fé é tão fraca, que não temos a leveza de Jesus, e submergimos nas águas de nossas contradições.

Pelo menos façamos como Pedro, e clamemos ao Senhor nos nossos naufrágios pessoais: " Salva-me,  Senhor! Pois só  tu és o Cristo o Filho de Deus .

Bento, frade menor e pecador.