Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.
Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

quinta-feira, 31 de março de 2011

"A multidão ficou admirada."





Paz e Bem !

Nos Evangelhos podemos ver Jesus expulsando demônios para curar.

Afinal, as doenças eram consideradas como castigos, ou como punição pelos pecados, um entendimento que perdurou durante séculos e que só vai se extinguindo na medida em que , por um lado a ciência avança e dá as explicações racionais para os nossos males. E,  por outro lado, vamos avançando, nós mesmos,  na descoberta de Jesus.

O Senhor  Jesus  que vai muito além de ser  um simples “milagreiro” ocasional, para chegarmos ao conhecimento do Cristo que nos liberta do mal, físico ou espiritual, pelo Seu poder de Filho de Deus, de Autor de todas as coisas .

Jesus não era um operador de milagres, fosse só isto, nossa compreensão de Sua passagem por nossa humanidade estaria seriamente comprometida.

E hoje, no Evangelho do dia,  Lucas 11, 14-23, o Senhor , após curar um homem que era mudo, “libertando o demônio da mudez” , é acusado pelos que O perseguiam de agir exatamente pelo poder de quem Ele expulsava.

É uma acusação tão absurda que pode ser resumida assim> o demônio liberta outro demônio para fazer um bem.

Mas sabemos que não há comercio entre a luz e as trevas.

O que está em evidência na acusação dos fariseus a Jesus é ainda a total incapacidade deles de entenderem que o que o Senhor faz, o poder de Jesus, é o poder de aniquilar a opressão, todo tipo de opressão, inclusive a dos fariseus e doutores da lei, que O perseguiam, porque Ele denunciava com Seus atos de amor, a imensa maldade dos corações dos que O acusavam.

E como era difícil aos fariseus daquele tempo, compreenderem que a misericórdia triunfa sobre o julgamento.

E esses ainda pedem a Jesus um “sinal”, para que acreditassem que Ele agia em Nome de Deus, e não em nome do mal, como suas mentes e bocas expressavam o que lhes passava no coração.

Lucas nos escreve que a “multidão ficou admirada”. Porém,  os fariseus se enfureciam a cada prodígio de Jesus.

É que o Senhor tocava o coração daqueles para quem Ele veio, mas não conseguia tocar o coração dos seus perseguidores, porque eles se encontravam cegos, mudos e surdos enquanto Jesus libertava tantos da surdez, da mudez e da cegueira.

Mais uma vez vemos que a Fé é um Dom de Deus, que encontra terreno fértil no coração dos oprimidos, nunca dos opressores.

A cada cura que Jesus operava,  Ele sinalizava para todos que > a cegueira, a mudez, a paralisia, mesmo a morte, está no coração que se fecha à ação do Espírito Santo,  que movia o Senhor pelos caminhos onde andou.

Ao curar essas incapacidades, Jesus acena para a solidariedade para o amor. Ele devolvia o doente à vida e ao senhorio de Deus, que nos quer sempre bem felizes , como quando nos fez e nos colocou em um jardim. Mas nós  escolhemos negar esse jardim e fomos expulsos para  leste dele.

E é isso que Jesus vem resgatar, nossa cidadania na Cidade de Deus, nossa condição de eleitos do Pai , e não proscritos para o leste > o lócus das trevas do pecado e do mal.

“E a multidão ficou admirada”, Lucas nos revela.

Porque essa multidão, que somos nós, compreendemos que Jesus,  mais que curar um mudo, nos ensina a falar. Mais do que nos curar os olhos doentes, Ele nos ensina a ver.
Mais  do que curar leprosos, Ele nos limpa dos nossos pecados. Mais do que fazer paralíticos andarem Ele nos ensina a caminhar atrás Dele, no Seu caminho, ainda que haja uma cruz pessoal que temos de carregar atrás da Dele,  com Ele ressuscitaremos para a vida que não mais se extinguirá.

E era para essa multidão admirada, que somos todos nós, que Jesus continuava subindo, rumo à Jerusalém, nos levando a todos.

Todos que conseguimos ver além do milagre mirabolante > o sentido salvífico de cada um sinal de Jesus.

Os outros, bem , os outros continuam falando de belzebu e de demônios, e assim, vão se enriquecendo, e fazendo perder tantos que outrora pertenciam à multidão admirada.

Os que espalham, e fazem perder a multidão que ainda consegue se  admirar.


Não percamos jamais nossa admiração pela libertação que Jesus nos trás.

Frei Bento, frade menor e pecador.


quarta-feira, 30 de março de 2011

Jesus e a Lei.







Paz e Bem !


Lemos no Evangelho desta Quarta-Feira da Quaresma , Mateus 5, 17-19, Jesus dizendo não ter vindo ao mundo para abolir a Lei , mas para levá-la à perfeição.


Pois Ele é a própria Lei, Jesus é o Verbo de Deus por meio do Qual tudo foi criado, como lemos na Carta aos Colossenses:

 “Nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as criaturas visíveis e as invisíveis. Tronos, dominações, principados, potestades: tudo foi criado por ele e para ele. Ele existe antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem nele. ( Col. 1, 16-17)

Jesus deu fiel cumprimento   porque a Lei é a Fé sem a Graça,  e Jesus é a Graça da Fé.

E Jesus cumpre a Lei usando de justiça e misericórdia.

 Vejamos:

Ele apedrejou a mulher adúltera? Ou perdoou seus pecados? (João 8,1-11).

Ele curou no sábado, porque curar é amar ?  Ou observou como um fariseu o sábado? (Jo 5, 1-16 )

Ele reduziu todos os mandamentos em 2 ? Ou cumpriu o decálogo a moda dos fariseus, sem a misericórdia? > "Destes dois mandamentos depende toda a Lei e os Profetas" (Mt. 22, 37-40)...

Jesus se utilizou da Lei para condenar , ou para salvar a humanidade? 
.
Que Lei?  Que sentido tem a Lei depois de Jesus o Salvador?

Vamos apedrejar adúlteras?

Vamos nos paralisar  no sábado?

Ou vamos cumprir toda a lei mosaica  , que a nós não se aplica ?

Ou somos Cristãos e vamos nos amar uns aos outros como Ele nos amou? (Jo. 13, 34)

Frei Bento, frade menor e pecador

terça-feira, 29 de março de 2011

Se eu não perdoar o meu irmão, o Senhor não me dá o Seu perdão.



  

Paz e Bem !

O Evangelho de Mateus 18, 21-35 de hoje, nos fala do perdão sem limites, proposto por Jesus quando Pedro lhe pergunta :  “ Senhor, quantas vezes devo perdoar , se meu irmão pecar contra mim? E Pedro sugere timidamente:  7 vezes?
Jesus vai mais longe: 70 vezes 7 , Pedro, uma enormidade de perdão, um perdão sem limites.
O perdão é a maior expressão do amor de Deus, é o amor que vamos buscar em Deus quando confessamos os nossos pecados no sacramento da penitência, o perdão é a máxima do amor.
Notemos que Pedro não pergunta sobre as ofensas que ele tivesse feito  ao próximo. Pedro pergunta sobre as ofensas que fizessem a ele.
Interessante este detalhe , porque quem nos ofende não espera que nós o perdoemos. Quem no ofende, o faz por vontade própria , não está interessado no perdão, mas em simplesmente nos ofender.
Neste sentido, o texto do Evangelho de hoje é rico em ensinamentos sobre a misericórdia que antecipamos ao outro, perdoar a ofensa ainda que não tenhamos recebido  pedido de perdão.
E Jesus conta a parábola do Rei que possuía um trabalhador que lhe devia dez mil talentos e como não podia pagar, o Rei mandou que fosse vendido com a família como escravos para saldar o compromisso. O infeliz cai aos pés do Rei e suplica o prazo para pagar a dívida. O Rei se comoveu e o libertou do ônus.
Mas a mesma misericórdia que recebeu do Rei, o servo perdoado não teve com outro , que lhe devia bem menos, e assim, mandou que fosse que fosse preso ainda que este lhe suplicasse o perdão. Os demais companheiros do empregado foram até o patrão,  que ficou indignado com o ocorrido, com a incapacidade do empregado em reproduzir com seu devedor > a mesma misericórdia que dele obteve. E assim, mandou que o empregado fosse preso e torturado, ate que lhe pagasse toda a dívida.
O que o Rei esperava do empregado, a quem perdoou a dívida,  é que usasse de misericórdia para o que lhe devia menos.
Este Rei é Deus, que nos cumula de misericórdia, mas espera que a usemos com o próximo, caso contrário, o perdão que recebemos, se torna nulo.

Na comunidade do Cristo não deve haver limites para o perdão, e da mesma forma que somos perdoados, perdoemos nós também, ainda que quem nos ofendeu nem espere de nós essa atitude.
Era assim que Jesus agia, perdoando inclusive os que o mataram.
É essa misericórdia que é maior que a dos fariseus que Jesus espera de nós, do contrário, seremos apenas fariseus  hipócritas.

Frei Bento, frade menor e pecador.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.



Paz e Bem !

Muitos têm essa oração como de autoria do seráfico Pai, entretanto ela foi achada no inicio do século 20 num comentário de missa de uma cidadezinha francesa.


Ela era chamada originalmente de Oração pela Paz, talvez uma prece em função dos horrores da 1ª Guerra Mundial.

Mas pelo seu espírito de caridade e de renúncia ao ego, ela foi identificada como sendo um texto de Francisco.

Mas não importa o autor, importa o espírito que ela traduz, a missão do cristão de ser instrumento da Paz do Senhor.

Assim sendo ela vale muito como uma reflexão que podemos fazer sobre os nossos atos em função do nome que trazemos nos lábios: cristão.

Então, vamos rezá-la e refletir sobre cada uma das situações:


Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz. 

Onde houver ódio, que eu leve o amor; 
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; 
Onde houver discórdia, que eu leve a união; 
Onde houver dúvida, que eu leve a fé; 
Onde houver erro, que eu leve a verdade; 
Onde houver desespero, que eu leve a esperança; 
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; 
Onde houver trevas, que eu leve a luz. 
Ó Mestre, Fazei que eu procure mais 
Consolar, que ser consolado; 
compreender, que ser compreendido; 
amar, que ser amado. 
Pois, é dando que se recebe, 
é perdoando que se é perdoado, 
e é morrendo que se vive para a vida eterna.

E ao fim, refletirmos, temos amor pelos nossos irmãos, levamos a eles : o perdão,a união a Fé, a Verdade a Esperança, a alegria, a Luz? 

Temos certeza?

Frei Bento , frade menor e pecador.

domingo, 27 de março de 2011

Jesus nos sacia > nas águas do Batismo e no pão da Eucaristia.

Jesus e a Samaritana- Giovani F.Barbieri




Paz e Bem !


O Evangelho de hoje , o texto de São João 4, 5-42, narra o famoso diálogo de Jesus com a mulher samaritana, um diálogo que na sua primeira parte nos fala de águas, da água que não sacia a nossa sede, e da água que nos completa.
Eis que caminhamos sempre sedentos, sempre à procura de uma “água a mais” , que nunca esgota nossa sede :  as águas do modismo, as águas dos prazeres insaciáveis por definição, as águas do poder que tantos buscam para exercer contra os outros, as águas das liberdades desenfreadas, das drogas, as águas da ciência sem ética, etc.
Tudo isto jamais aplaca nossa sede, nem nossos instintos, portanto, voltamos sempre ao nosso “poço de Jacó” particular, e jamais estamos satisfeitos.
Jesus diz à samaritana que bebendo da água que Ele lhe der ela jamais sentirá mais sede.
Que água é essa?
A Samaria  representa aqui a terra dos estrangeiros, e Jesus oferece a eles uma água perfeita, as águas do Batismo pelo qual somos introduzidos no mistério do Cristo, somos imersos na sua divindade e saciamos nossa sede de humanidade.
E ela lhe pede > Senhor, dá me sempre dessa água para que eu não sinta mais sede e tenha de vir aqui buscá-la.
E São João usará essa súplica: “Senhor dá-me sempre”,  quando  também, no capítulo 6,34,  o discurso sobre o Pão da Vida, Jesus  também ouve dos discípulos   esse pedido “Senhor , dá-nos sempre desse pão”.
E este pão é a verdadeira comida, a Eucaristia que é o próprio corpo de Cristo que comungamos com Seu Sangue que brotou do seu Sagrado Coração, juntamente com a água,  que São João também nos escreve dizendo serem elas como : rios de água viva, o Espírito Santo (Jo. 7, 38).
No mais , a samaritana também é uma mulher adúltera, e Jesus esclarece essa sua condição, pois que ela possuiu 5 maridos e o que ela possuía não era dela.
Esses tantos maridos são uma metáfora para os muitos deuses dos pagãos, os nossos outros tantos deuses que seguimos também,  com  notória infidelidade : o dinheiro, os prazeres, os pecados >  as respostas fáceis para problemas tão difíceis, como o papa Paulo VI disse certa vez que os homens procuram.
Jesus e a Samaritana é um texto forte do Evangelho, são desafios que Jesus propõe , a busca da água viva, a busca da saciedade da sede e da fome, a busca da adoração do Verdadeiro Deus em Espírito e em Verdade > O  Verdadeiro Deus, que é Jesus, pois fora Dele não há salvação, nem para judeus, nem para samaritanos, nem para nós todos.
Por fim, temos essa maravilhosa profissão de fé do povo da Samaria, que nos desafia em nossas infidelidades > Ouvir as palavras de Jesus, e "porque ouvimos sabemos  que  é  Ele  o Salvador do mundo."

Que assim seja.

Frei Bento, frade menor e pecador.





sábado, 26 de março de 2011

Quem somos nós nessa festa?

O retorno do filho pródigo- Rembrant



Paz e Bem !

A Parábola que o Evangelho nos conta neste Sábado,  é a belíssima Parábola do Filho Pródigo,, ou que também é chamada pelo seu outro Grande Protagonista> A Parábola do Pai e de seus dois filhos”

É o texto de São Lucas 15, 1-3.11-32 .

Para fazermos uma leitura orante deste belo texto da humanidade, devemos primeiro contextualizar, entender para quem ela foi contada.

E São Lucas nos diz> “Certa ocasião, muitos cobradores de impostos e outras pessoas de má fama chegaram perto de Jesus para o ouvir. Os fariseus e os mestres da Lei criticavam Jesus, dizendo: - Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles.”

Para responder-lhes, Jesus contou então a Parábola, que todos sabemos, seu início, meio e fim, ela faz parte de nosso imaginário, a expressão “Filho Pródigo” representa todo aquele que volta após se perder nos descaminhos da vida.

É sim, uma estória de retornos e de perdão. 

Sempre me encantei com essa narrativa, me debruçado sobre os seus significantes que vão muito além do literal. 

Ela , junto com a Parábola do Bom Samaritano e a Parábola do Rei em Mateus 25, são três grandes rotas para seguirmos o Cristo.

A do Filho Pródigo nos apresenta a Graça de Deus, sempre pronto a nos receber de volta quando nos perdemos em descaminhos, a do Samaritano nos explica quem é o nosso próximo e o que devemos fazer por ele, a do Rei em Mateus 25 é a concretização do reino, a excelência da caridade, a ética profunda do cristianismo em alteridade.

Mas no texto de hoje nos são narradas duas , não só uma volta, não um só retorno. 

Existe, claro, o retorno do filho mais moço com toda a beleza da conversão, e a maravilha da Graça operante.

Mas existe o outro retorno, o do filho mais velho, que estava no campo e, "quando voltou",  ouviu musicas e danças e perguntou ao servo o que seria aquilo. 

Ao saber do que se tratava foi tomado de ira porque se julgava justo, cumpridor das leis e dos mandamentos e, no entanto, nunca recebera nem um cabrito para festejar com seus amigos. Mas o irmão que gastara tudo que tinha recebido por herança antecipada, voltou e recebeu uma festa.

Quantas vezes somos o filho mais velho, pensamos que temos direito ao amor incondicional do Pai porque cumprimos suas leis, seus mandamentos? E somos incapazes de perceber o sentido da “festa” que o Pai oferece para receber aquele que se perdera no mundo, no avesso da misericórdia. 

No relato,  São Lucas não diz se o filho mais velho participou da festa e acolheu seu irmão, ele reduz a participação do filho mais velho à sua amargura.

Não sabemos o que aconteceu depois, na vida do filho mais novo, nem na vida do mais velho. Porém sabemos do que aconteceu ao Pai, porque a misericórdia de Deus não se extingue.

Para receber a misericórdia do Pai não é necessário apenas cumprir as leis e os mandamentos, é necessário saber acolher e saber perdoar, muito além de condenar e, sobretudo : saber voltar , estar em festa,e compartilhar da alegria por aquele que , “estava morto e agora reviveu, estava perdido e foi achado.”


E foi para estes : os publicanos e os de “má fama” , segundo os critérios dos fariseus, que Jesus contou esta Parábola. 

E nós?

Qual dos dois filhos somos nós, nessa festa?

Frei Bento, frade menor e pecador.

sexta-feira, 25 de março de 2011

E o nome da Virgem era Maria...


O anjo sorridente- Catedral de Reims


Paz e Bem !


Nos nossos dias , quantos anúncios nos são feitos, anúncios de coisas absolutamente supérfluas, anúncios de coisas das quais não precisamos e que nos despertam o desejo de ter, mesmo sem poder, para ficar igual a pessoa bonita que anunciou o produto inútil.

Nos outdoors , nos intermináveis comerciais de TV, nos anúncios de jornais e revistas, todos nos dizem> compre esse carro e seja feliz, use esse perfume e você vai arrumar uma namorada, ou namorado, use isso para o seu cabelo, use aquilo para seu corpo.

Nada porém nos anuncia um produto que nos fará realmente mudar de vida, nos fará alegrar, nos dirá que Deus se encantou conosco, que  encontramos a graça diante de Deus , e que isto irá realmente fazer com que nos transformemos.

Hoje a Igreja celebra um anúncio, a Anunciação de Maria  através do texto de Lucas 1, 26-38 onde ouvimos que Deus enviou seu Anjo à Nazaré, a uma virgem , e o nome da virgem  era Maria.

Pelo texto de Lucas vislumbramos um diálogo de gentilezas, diálogos angelicais, onde a Palavra de Deus se revela àquela menina pobre e pede a ela que se “alegre”.
Por que?
Bem, antes de dizer a que veio, o Anjo do Senhor pede a Maria que se alegre e que nada tema, porque ela encontrou graça diante de Deus.

Então é isso, quantos de nós procuramos obter de Deus um simples sinal, um murmúrio divino, de que somos alvo da graça de Deus.

São poucos os que conseguem.

Maria soube do Próprio  Deus que Ele lhe dispensara a graça sem medida , traduzida  pela palavra grega que Lucas usa > kechatoriêmene , que significa isso mesmo, graça sem medida.

A seguir,  o Anjo lhe comunica a que veio : “conceberás e darás a luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e chamar-se-á  Filho do Altíssimo;o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará  eternamente na casa de Jacó e o seu reino não terra fim”.

Mas Maria diz ao Anjo  >como isso se fará se eu não conheço homem?

Ora, no inicio do texto da anunciação, o próprio Lucas escreve que ela , Maria , era uma “virgem desposada” de um homem chamado José.

Se a Virgem desposada com José não tivesse consagrado sua virgindade a Deus, de certo não se perturbaria com esse anúncio, afinal , ela iria se casar e ter filhos, como é natural.

Porém  Maria se perturba, porque não eram esses seus planos. A castidade era sua virtude, a sua promessa a Deus. Mesmo porque o Anjo Gabriel não lhe dissera “quando” isto se daria. Poderia ser depois do casamento, e então não haveria razão para nenhum espanto.

Entretanto Lucas nos afirma que ela era uma virgem, e o nome da virgem era Maria.

Lucas poderia ter escrito, o nome da mulher era Maria.

Mas Lucas a chama de Virgem,  e nós repetimos Lucas e assim como Deus, e por causa de Deus , nós a amamos tanto, nós a reverenciamos como a “cheia de graças”, aquelas graças que tanto procuramos aqui na nossa vida, e das quais Maria é plena.

E não obstante ela ser esta virgem eleita por Deus , pela qual Deus se encantou, Ele ainda propõe a ela que seja a Mãe de Seu Filho, Aquele que reinará para sempre .

E para sempre Maria diz o seu Fiat> Faça-se > o mesmo verbo que o Genesis usa para nos dizer que Deus tudo fez.

“Faça-se em  mim segundo sua palavra.”

Maria se torna a  Santa Mãe de Deus, aquela que todas as gerações chamam de Bem Aventurada, menos algumas, que são as gerações que não lhe pertencem, pertencem às gerações da serpente, que sempre perseguiram  a Mulher desde o Genesis 3, 15.

E este é o anúncio que nenhum Outdoor, ou reclame do plim-plim,  terá o poder de realmente alegrar quem o ouve, porque só Deus é a fonte de nossa Alegria.

Por isso a nossa alma deve engrandecer o Senhor e exultar de Alegria , em Deus nosso Salvador.

Frei Bento, frade menor , filho de Maria, pobre e pecador.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Elizabeth Taylor e nós também, vamos todos para o inferno?




Paz e Bem (se for possível)

Certa vez,  Dom Luciano Mendes de Almeida, quando  era presidente da CNBB , foi procurado por algumas prostitutas que foram até ele pedir que autorizasse alguns padres a ministrarem o  batismo a  seus filhos, visto que negavam. 


Dom Luciano , grande na fé e no amor aos semelhantes, sobretudo aos mais pobres e excluídos disse a elas que em breve daria sua resposta, precisava de consultar alguns outros bispos. 


Mas quando elas estavam saindo ele lhes disse : lembrem-se porém, minhas amigas,  que O Senhor mesmo afirmou que as prostitutas  iriam preceder-me no reino do céu. Então pediu a elas que quando chegasse a  hora dele, se elas já estivessem lá, que dessem uma “forcinha” para ele entrar também.

Leio hoje, entre  estarrecido e abismado,  uma noticia no site da Folha dando conta de que uma igreja batista americana, que se diz “conservadora”, pretende fazer um protesto no enterro da atriz Elizabeth Taylor.


Seria pelo fato de que ela defendeu uma causa na sua vida a de lutar pelas vítimas da AIDS , arrecadando recursos para a pesquisa científica visando obter remédios para tratar as vítimas dessa terrível doença?

A filha do  líder dessa “igreja” , a sra. Margie  Phelps  afirmou textualmente:

 "Descanse em paz, Elizabeth Taylor. Ela está no inferno, com certeza, assim como você está lendo isso e ficando muito irritado. Ela deveria ter obedecido Deus. Tarde demais!"

Entre entristecido e abismado eu me pergunto:  que Cristo seria este que a sra.Phelps obedece ? 


Que Evangelho ela lê? 


Que amor ela tem? 


De que formas ela tomou o lugar de Deus e anda mandando os outros  para o inferno ?

Não obtenho respostas, nem no plano da fé nem da razão.

Será que o céu da sra. Phelps está cheio de gente que pensa como ela  e seus coirmãos?

Que grande surpresa a sra. Phelps e seus adeptos terão, quando comparecerem diante do Juízo de Deus e lhes for perguntado: O quanto amaste o teu irmão? Não Me viram no rosto dos aflitos, dos doentes, dos abandonados? Não sofreram com eles a Minha dor presente neles?

Então sinto muito sra, Phelps e os demais que comungam com seu pensamento, o final do Evangelho de São Mateus 25, talvez se aplique   aos senhores.

E lá no céu, quando chegar minha hora , quando eu vir os que sofreram com os que sofrem , os que foram banidos pela sra. Phelps, e as amigas de Dom  Luciano e ele mesmo, talvez eu me entristeça muito, pelo destino dos membros da igreja  batista conservadora de Westboro no Kansas.

Eles não entenderam nada.

Frei Bento, frade menor e pecador.

Fonte:





O mistério da dor.




Paz e Bem !

Nestes dias que acompanhamos os terríveis momentos que passam milhares de japoneses, tanto pelo terremoto e suas conseqüências, como pelo mal da radioatividade, muitos se perguntam : Como Deus pode permitir isto?

Mas também nos perguntamos : como Deus pode permitir o holocausto? Como Deus pode permitir o terremoto do Haiti? Como Deus pode permitir tanta miséria na África e nos pequeninos de todo o mundo?

Enfim, as dores da humanidade são muitas.

Mas a dor de Deus, encarnado e exilado na nossa humanidade,  também é um grito que ficou sem resposta : Pai  por que me abandonastes?

A paixão do Cristo que estamos nas vésperas de celebrar nos revela um Deus que compartilha a nossa dor, a dor de Deus que se entrega como servo sofredor e vive as dores dos homens de forma mais pungente.

A Teologia constrói uma teodicéia para tentar isentar Deus das “responsabilidades” pelas dores humanas, quando deveria fazer o contrário, ler as dores dos homens na perspectiva da dor do Cristo, e ai encontrar o sentido de toda dor.

Pois, à  luz da paixão de Cristo todas as dores são conformadas.

Como lemos no Evangelho de hoje, Mateus 20, vv 18 e 19 o Senhor dizendo de Sua dor, de sua paixão , de sua flagelação e da zombaria , da morte que iria sofrer, mas  morte que não se esgota em si mesma, que será enfim derrotada pela Sua gloriosa ressurreição > assim , o Senhor nos ensina a Esperança.

E diz São Paulo que é na  Esperança que fomos salvos,  Romanos 8, 24,  tema da Encíclica Spes salvi do papa Bento XVI.

O mal é um mistério indecifrável, talvez porque não esteja no mundo para ser compreendido, mas para ser combatido, e em toda dor há um sentido secreto que escandaliza toda a razão.

Frei Bento, frade menor e pecador.






quarta-feira, 23 de março de 2011

Quem quer ser o maior, será que já aprendeu a estar a serviço?



Paz e Bem !



O Evangelho que lemos nesta Quarta Feira é o texto retirado de Mateus 20, 17-28, que nos conta a subida do Cristo até Jerusalém, onde Ele chama os seus discípulos e lhes diz : “ O Filho do Homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos não-judeus. Estes vão zombar dele, bater nele e crucificá-lo; mas no terceiro dia ele será ressuscitado. “


A mãe de João e Tiago chega até Jesus e lhe pede lugares de destaque para seus filhos no Reino de Deus.

Mas Jesus lhe responde> " Vocês não sabem  o que estão pedindo. Por caso vocês  poderão beber do cálice que eu vou beber?"

O cálice da amargura, o cálice da entrega, o cálice da paixão, sim , a paixão no seu seu sentido mais elevado > o amor imenso com o qual  o Filho de Deus nos ama, e por isso , por esta paixão por nós, Ele se entregará até a última gota do seu sangue. O sangue da nova e eterna aliança que todos bebemos também > as nossas dores que devem se conformar à dor do Senhor,  na Sua paixão por nós.

Mas, o privilégio de sentar-se ao lado de Jesus no Reino, não representa poder, como os outros discípulos acreditavam.

Estar ao lado de Jesus é resultado , não é  privilégio, mas é serviço.



Assim,  a lógica do privilégio para Jesus, não é a lógica da mãe dos filhos de Zebedeu, e de tantos outros...


O maior para Jesus é aquele que serve 


A grandeza está no servir, estar a serviço, lavar os pés dos irmãos como Cristo fez, Ele que sendo Deus, ajoelhou-se diante dos apóstolos e lavou-lhes os pés > o trabalho reservado aos servos, aos escravos, daquele tempo.


Porque, Ele,  sendo Deus, desceu à nossa humanidade nasceu pobre num presépio , viveu entre os pobres , morreu com eles e ressuscitou , para eles. 


Este é o sentido de procurar ser menor, ser o servo, os seguidores de Cristo devem ver o ministério como serviço, não como posto de honra ou lugar de prestígio e poder. Devem usar os dons recebidos de Deus a serviço dos irmãos. 


Mas confesso que é um ideal muito mais difícil de ser alcançado, do que o ideal de ser o maior.


Maiores são todos, ser o menor é para poucos.


“Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos".(Mateus 20, 27-28)


Somos o  maior , então estamos a serviço do irmão, sobretudo do mais pobre e abandonado?

É neles que está o Senhor e Seu Reino .



Frei Bento, frade menor e pecador

segunda-feira, 21 de março de 2011

O rigor com o qual julgamos o próximo é o mesmo que usamos conosco também?






Paz e Bem !

O Tempo da Quaresma nos leva sempre a refletir sobre as dimensões caracteristicas deste temo  de penitência e de jejum, por este motivo, o perdão sempre será objeto de nossas reflexões neste Tempo litúrgico, assim como as renúncias que fazemos no nosso íntimo, para refletirmos o caminho que levou o Senhor ao calvário, mas que também O levou à ressurreição.

Muitos falam de um Cristo que não conheço, um Cristo particular e pessoal, mas
um Cristo condenador.

Falam para os semelhantes a eles, não falam para o mundo nem na linguagem do mundo.
Como podem pensar que nos interessa uma visão tão estreita de realidade, partindo de um prisma tão pessoal e idiossincrático?
Cristo é Libertador , desconhece qualquer limite que possamos impor à realização de Sua vontade.
Ele não é propriedade particular de ninguém.
Ele não é a projeção de nossos desejos ou frustrações.
Ele não obedece nossos desígnios.
Ele não é o "meu "Jesus como eu o entendo, ou mas Ele sempre será o "Nosso Senhor", universal e acima de nossas disputas e de nossas intolerâncias.
Isto não faz o menor sentido.
E ninguém está autorizado a emitir juízos de condenação em Seu nome.
Pois quem assim age, incorre sim nesta sentença do Evangelho de hoje  São Lucas 6, 36-38: "Não julgueis para não serdes julgados, pois
"com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também".

E isto não ainda não foi revogado porque, a medida com a qual Deus nos julga é a mesma medida que usamos para os outros. 

Quanto maior for o rigor dos nossos julgamentos sobre o outro, maior é a nossa fragilidade , a nossa condição pessoal de pecadores , diante de Deus e diante a quem julgamos.

Com qual medida julgamos o próximo , com a mesma com a qual nos medimos?

Se perdemos tempo julgando o próximo, perdemos o tempo de amá-lo em  alteridade?

Frei Bento, frade menor e pecador.