Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.
Louvai e bendizei ao meu Senhor,e dai-lhe graças. Servi-o em grande humildade.

domingo, 30 de outubro de 2011

Um só é o vosso pai, o Pai celeste; um só é o vosso mestre, Jesus Cristo.






Paz e Bem!

Ontem, no Evangelho de Lucas, Jesus nos convidou novamente  à humildade, nos falou sobre a necessidade  de ocuparmos o lugar que merecemos no Banquete do Senhor, e que este lugar será tão mais alto quanto maior for a nossa humildade . 



Mas humildade não é passividade, não é ser simplório, ser tolo, ou parecer ser tolo. Aliás , querer ser humilde já é um caminho largo para a soberba. 


O humilde , para Jesus, é aquele que procura ser igual a Ele, o que procura servir; aquele que vê no Evangelho o sagrado dever de abrir caminhos para que as pessoas se aproximem de Jesus, e O sirvam na pessoa do irmão, sobretudo o mais pobre. 


Evangelizar é servir, ser humilde é ser o servo, não o Mestre, o Doutor, que tudo sabe e que se exibe diante dos outros como grande sábio, mas no fundo não passa de grande fariseu.


É disto que nos fala hoje o Cristo no Evangelho de São Mateus 23, 1-12,  duro discurso de Jesus contra aqueles que se julgam melhores e maiores, dos que gostam de serem saudados nas ruas como grandes , aqueles que se enrolam em filactérias, contendo versículos sem o contexto do amor, com os quais seduzem a muitos pelo medo que impõem.


Jesus nos fala hoje daqueles que sobrecarregam os outros com pesados fardos, fardos inúteis, exigências escabrosas sem respaldo na ternura, apenas leis de homens cheios de concupiscências.


Mas na calada da noite agem na contra-mão de tudo aquilo que ensinam e são desmascarados mais ali na frente,  nas suas hipocrisias.
“Fazei e observai tudo quanto vos disserem, mas não imiteis as suas obras, porque eles dizem e não fazem”


Jesus fala também aos Bispos , aos Padres e a nós que estamos no caminho:


Não deixem que um título que é  um sinal de serviço , se transforme em sinal de soberba e de vaidade.


Não chameis ninguém de Pai, porque só Deus é Pai, e aquele que é chamado a ser sacerdote do Pai e do Filho no Amor do Espírito, é menos um Pai e mais um irmão, um companheiro de caminho. Por isto é tão bom ser frade; frade não é nada além de irmão, e ser chamado de irmão, é o nosso maior elogio.


Mau é ser padre e não agir em paternidade, sendo pedra de tropeço para os irmãos, como nos fala o Profeta Malaquias na primeira das leituras de hoje: “ Vós desviastes-vos do caminho, fizestes tropeçar muitos na lei e destruístes a aliança de Levi, diz o Senhor do Universo.”


O Senhor hoje fala aos maus padres e aos maus bispos, que destroem a confiança de tantos em Deus, os que são aquilo que o papa Bento XVI disse anos atrás na Via Sacra do Coliseu :” Quanta sujeira há na Igreja, e precisamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele! Quanta soberba, quanta auto-suficiência!”


E São Paulo irá dar o tom legítimo do sacerdócio-serviço, quando na segunda leitura nos desafia: “Fizemo-nos pequenos no meio de vós. Como a mãe que acalenta os filhos que anda a criar...”



Este é o sentido de procurar ser menor, ser o servo. Os seguidores de Cristo devem ver o ministério como serviço, não como posto de honra ou lugar de prestígio e poder. Devem usar os dons recebidos de Deus a serviço dos irmãos.
Mas confesso que é um ideal muito mais difícil de ser alcançado do que o soberbo desejo  de ser o maior.


Frei Bento, frade menor e pecador.

sábado, 29 de outubro de 2011

Qual lugar procuramos no Banquete de Deus?





Paz e Bem !




No Evangelho de hoje, São Lucas 14,1.7-14, podemos ler a sublime passagem do Senhor dizendo que os humilhados serão elevados e os exaltados serão humilhados.
Tal como profetizou sua mãe, a doce Virgem Maria no seu Magnificat em Lucas I.


O Evangelho se inicia com Jesus indo a casa de quem? De um fariseu, ah os fariseus....sempre eles...
Os que gostam dos primeiros lugares, os que adoram estar contabilizando cédulas, pessoas, bens, os que adoram serem notados apontados como os salvos os perfeitos os seguidores da Lei.
Os que já receberam suas recompensas nesta vida, acumulando seus tesouros que a ferrugem consumirá. Aqueles que o Senhor mesmo chamou de raça de víboras, sepulcros caiados.
Os que convidam e convivem apenas com os seus IGUAIS, os que se casam com seus IGUAIS, os que têm horror das meretrizes, dos que sofrem, dos que são pobres porque Deus , segundo eles, dá seus sinais de eleição aos prósperos, enquanto os pobres oras, os pobres são pobres por maldição divina.
Os que até hoje atiram pedras , nunca amor.
Mas Jesus dá uma lição de humildade neles, diz o Senhor: quando estiverem na casa de “Alguém” , isto é, na Presença do Dono, procurem ocupar o ultimo lugar, fiquem na sua...
E se o Dono da casa te convidar para ocupar o lugar principal ai será a verdadeira honra. O contrário será a verdadeira vergonha quando o Dono da casa mandar você para trás porque alguém que realmente importa, chegou.


E quem realmente importa para Jesus?


São os pobres, aos aleijados, os cegos, os abandonados, os que são por muitos de nós excluídos.


Estes não nos poderão retribuir, nem com honras, nem com dinheiro , nem com bajulações, nem com dízimos, nem com ofertas.


Acontece que eles não têm nada para dar . mas tudo para receber.


Mas quem os acolher , por amor ao Dono da casa, receberá a recompensa do tesouro que realmente importa, que nenhuma prosperidade humana jamais conseguirá alcançar:


A Divina Misericórdia- o Dono do Banquete.


Frei Bento, frade menor e pecador.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

São Judas Tadeu, o santo das causas impossíveis? Ou um profeta?





Paz e Bem  !

"Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos eleitos bem-amados em Deus Pai e reservados para Jesus Cristo." ,

Assim começa a Carta Apostólica de São Judas, de quem a Igreja hoje recorda o martírio deste Apóstolo do Senhor, tido pela piedade popular como o santo das causas impossíveis.
Que causas seriam estas nos nossos dias?
Lendo sua Carta no Novo Testamento, encontramos os seguintes versículos que tão bem se aplicam ao que ocorre hoje em dia, de forma que parece ser impossível de combater.
Diz São Judas:
"Mas vós, caríssimos, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, os quais vos diziam: No fim dos tempos virão impostores, que viverão segundo as suas ímpias paixões;" Jd. 1, 17-18, E São Judas dá o nome a estes>

"homens que semeiam a discórdia, homens sensuais que não têm o Espírito."( Jd. 1, 19)

Revendo a nossa sociedade à luz do que diz o Apóstolo Judas Tadeu, vemos que ele foi mais profeta do que santo das causas impossíveis, se bem que, os descritos por eles, são quase impossíveis de serem derrotados, a não ser pelo conselho que São Judas nos dá a seguir:

"Mas vós, caríssimos, edificai-vos mutuamente sobre o fundamento da vossa santíssima fé. Orai no Espírito Santo."( Jd.1,20)

São Judas nos fala daqueles que promovem a discórdia,"que andaram pelo caminho de Caim, e por amor do lucro caíram no erro de Balaão e pereceram na revolta de Coré." ( Jd.1 11b).

E diz mais:
"Esses fazem escândalos nos vossos ágapes. Banqueteiam-se convosco despudoradamente e se saciam a si mesmos. São nuvens sem água, que os ventos levam! Árvores de fim de outono, sem fruto, duas vezes mortas, desarraigadas!" ( Jd. 1, 12).

Oremos para que a intercessão de São Judas Tadeu nos livre dos falsos pregadores , dos que saciam a si mesmos nos banquetes de Ágape, dos que promovem a discórdia , inimiga do Reino, inimiga de Deus, que é Concórdia.

Pense na sua questão pessoal impossível, e peça a São Judas que interceda a Deus por você, sobretudo se já tiveres sido enlaçado pelos que andam pelos caminhos do lucro...

Glorioso São Judas Tadeu, cuja memória hoje celebramos, Rogai por nós.

Frei Bento, frade  menor e pecador.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

O Espírito de Assis.



Paz e Bem ! 

Caríssimos irmãos e irmãs , rezemos hoje, junto ao santo padre e demais representantes de várias igrejas cristãs e outras religiões pela Paz no mundo. 

O papa Bento XVI caminhando nos passos do Beato João Paulo II Magno, volta à terra do Pai Seráfico , 25 anos depois, para que este encontro fraterno favoreça o diálogo entre pessoas de diversas pertenças religiosas e leve um raio de luz capaz de iluminar a mente e o coração de todos os homens, para que o rancor dê espaço ao perdão, a divisão à reconciliação, a violência à delicadeza, e, no mundo, reine a paz. 

E o papa deu a este encontro o título de : "Peregrino da verdade, peregrinos da paz" para significar "o compromisso que desejamos solenemente renovar, juntamente com os membros de diversas religiões, e também com homens não crentes, mas sinceramente em busca da verdade, na promoção do verdadeiro bem da humanidade e na construção da paz. Como já tive oportunidade de recordar, 'quem está em caminho rumo a Deus não pode deixar de transmitir a paz, quem constrói a paz não pode deixar de aproximar-se de Deus'". 

Mas por que Assis? 

Dia Mundial da Paz, também foi chamado de “A Lógica de Assis”. Durante a primeira reunião, na frente da capela da Porciúncula, João Paulo II disse que escolheu “a cidade de Assis como local para este dia de oração, devido ao significado especial do santo venerado aqui, São Francisco, que é conhecido por muitos em todo o planeta como um símbolo de paz, reconciliação e fraternidade. “Desta maneira, o Papa decidiu promover esta iniciativa em nome de São Francisco, o homem que derruba barreiras, e que é irmão de todos. 


Nos Fioretti de São Francisco temos a bela narrativa deste encontro tão insólito, um pobre frade vestido em trapos , diante do sultão poderoso da Babilônia. 

Francisco pregou tão divinamente a fé cristã que queria se atirar ao fogo. 

Pelo que o sultão começou a ter grandíssima devoção por ele, tanto pela constância de sua fé, como pelo desprezo do mundo que nele via; porque nenhum dom queria dele receber, sendo pobríssimo; e também pelo fervor do martírio que nele via. 

Nascendo desta passagem uma inimaginável amizade entre o Poverello e o sultão da Babilônia, que teria mesmo secretamente se convertido ao Cristo, pelo exemplo de Francisco. 

Sabemos porém que a partir deste momento os Franciscanos tiveram livre trânsito na Terra Santa, sendo até hoje os custódios da Basílica da Natividade em Belém e do Santo Sepulcro em Jerusalém, até os dias de hoje. 

Esta graça e encantamento que Francisco despertava em quem o ouvia falar do Altíssimo Senhor Jesus Cristo, com simplicidade e amor é que está presente hoje na terra de Assis, para a qual acorrem os sultões do mundo moderno, para respirar o mesmo ar, ver as mesmas paisagens, sentir o mesmo perfume das flores, que Francisco viu, viveu, e sentiu.
Aquele que sem armas em punho, apenas com sua simplicidade, se tornou o irmão universal, aquele capaz de falar de Jesus sem usar de muitas palavras. 

Que este mesmo espírito seráfico sopre hoje em Assis, que o mundo possa encontra rum diálogo respeitoso dentre todos nós que cremos na Absoluta Alteridade do Deus que proclamamos , com nossas vidas. 


Frei Bento, frade menor e pecador.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A perfeita alegria.






Paz e Bem !

Certa vez São Francisco disse : Frei Leão toma nota se queres saber o que é a perfeita alegria. 
Se nós tivermos a graça de Deus, de pregar o Evangelho e a cruz, e por obra e exemplos pudermos levar a Jesus. 
E convertermos os homens de fé, até mesmo os de mau coração, Frei Leão, isto ainda não é a perfeita alegria. 

Imagine Leão que Deus nos tenha dado a graça de a todos curar, de fazer ver aos cegos, aos coxos andar, surdos ouvir e mudos falar, e que até os demônios fugissem ao comando do nosso olhar. 

E se falássemos todas a línguas, com o dom de bem comunicar, transformando os reinos da terra em reinos de paz, e se soubéssemos toda ciência e os segredos da terra e do mar, Frei Leão isto ainda não é a perfeita alegria. 

Mas então Pai Francisco: o que é a perfeita alegria? 

Se ao chegarmos ao nosso convento e batermos depressa esperando entrar, e o porteiro do lado de dentro ao invés de abrir se puser assim a falar: Quem sóis vós que assim importunos, nesta hora nos incomodais? Somos nós teus irmãos Frei Leão e Francisco que chegam e querem entrar. 

E Frei Leão se o porteiro disser que é mentira e que não abrirá, que encontremos um outro lugar em um canto qualquer! 

E, se nós diante da porta fechada, sobre a noite e a neve que cai, conservarmos a paz, isto é a perfeita alegria. 

Mas se nós insistirmos em prantos que abra e que tenha piedade de nós, pois com fome e tão necessitados na noite não temos lugar. E se então o porteiro sair empunhando um bastão a gritar, e bater em você e em mim muito mais nos deixando a chorar. 

E Frei Leão se for Deus que então assim faz, que nos deixa na neve e na cruz, e se nós diante da porta fechada, sobre a noite e a neve que cai, conservarmos a paz, isto é a perfeita alegria !

Buscar paz no pior tormento.

É lá que ela está.

Santo Frei Antonio de Sant'Anna Galvão OFM, primeiro santo do Brasil cuja memória hoje recordamos, rogai por nós.

Frei Bento , frade menor e pecador.

domingo, 23 de outubro de 2011

Você ama a si mesmo ao ponto de amar o próximo?





Paz e Bem !

O Evangelho deste XXX Domingo do Tempo Comum é o texto de S.Mateus 22, 34-40.

Vimos no Domingo passado os fariseus perseguindo Jesus , preparando armadilhas, como é próprio dos fariseus .

Jesus se desvencilhou dos saduceus com  a sua frase célebre: Dai a  César o que é de César e a Deus o que é de Deus.

Com "inveja" dos saduceus,  os fariseus então armam a sua própria arapuca para o Senhor, e o fazem com a gentileza hipocirta das serpentes: Mestre qual é o maior dos mandamentos?

Se Jesus escolhesse um em detrimento dos outros eles O condenariam por inobservância de "toda a Lei", como é comum os fariseus de hoje , que já se dizem salvos, seja lá o do que.

Então Jesus recorre ao mesmo Antigo Testamento para desarmar a bomba farisaica.


Ele reproduz dois textos fundamentais já escritos na Torá, o Deuteronômio 6, 5  " Amarás o Senhor teu Deus de todo seu coração, de toda sua alma  e de todo seu espírito", e o Levítico 19, 18: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo"

Jesus não ensina nada de novo, mas cala a boca dos que não conseguem ver o novo, ensinado em  prática.

Aqui Jesus dá uma medida, um adjetivo, uma prática para o amor a Deus> o amor ao próximo como a ti mesmo.

Na Lei estavam longe um do outro esses dois mandamentos fundamentais, Jesus os reúne os declara resumo de toda lei e de todo profetismo.

E Jesus mesmo dará  prática a estes ensinamentos quando os instituiu como Serviço ao se dobrar de joelhos diante dos Apóstolos na Ultima Ceia, lavar-lhes os pés e dizer a eles: fazei isto vós também.

Porque o amor não é teoria, não é mandamento, é exercício de servir , de se doar, na medida em que amamos a Deus , amamos o outro como gostaríamos de sermos amados. " Como a si mesmo"


Detendo nesse “como a si mesmo” é que poderemos entender o quanto é necessário nós nos amarmos com o amor que Deus nos ama.

Existem pessoas que tão tristes, amargas, magoadas, feridas, insatisfeitas, mal amadas, doentes emocionalmente, mentalmente e espiritualmente que não conseguem ver o outro , a não ser com esses olhos doentios delas.

Por isso vemos tantas agressões, tanta incompreensão, tanto desatino, tanta intolerância por parte de alguns, que se traduzem num olhar de rapina sobre todos os demais que vivem bem, são felizes, tem a doçura para falar das coisas de Deus porque sabem que o Senhor os ama como eles são, com seus defeitos, suas incapacidades, seus limites.

E não ficam como os saduceus do evangelho de hoje, atordoados em decorar a Bíblia inteira para usá-la a seu favor e contra o outro.

Que bela lição Jesus deu a eles, Jesus quis dizer a eles: vejam bem, não procurem se justificar pela Lei para se sentirem melhores, apenas amem a si mesmos, porque então vocês poderão amar a Deus e ao próximo.

È o que S.Paulo dirá mais tarde, quando escreve  ser a caridade dom maior de Deus.

Você tem tempo para amar a si mesmo ou vive perdendo seu tempo procurando o defeito no próximo quando este defeito provavelmente estará em você?

Frei Bento, frade menor e pecador.

sábado, 22 de outubro de 2011

A Conversão




Paz e Bem!

Hoje o Evangelho deste Sábado falará sobre a misericórdia de Deus que é exigente conforme o texto de Lucas 13, 1-9.

Ele pode ser dividido em duas partes:

A primeira nos fala daqueles que costumam ver nas tragédias humanas > castigos de Deus, quando contam a Jesus que Pilatos mandou assassinar galileus que faziam ofertas nos Templo, e quando Jesus fala sobre a queda da Torre de Siloé , que havia causado a morte de 18 pessoas. E Jesus lhes perguntará se os que morreram seriam mais pecadores do que aqueles que os julgam como tais? Aqueles que sempre enxergam nas tragédias a ira de Deus atingindo sem distinção a justos e pecadores.


Esta era a mentalidade dos fariseus daquele tempo, e do nosso....Os que vêem nos grandes desastres a manifestação da ira divina, quando na verdade é a própria ira pessoal de quem assim pensa que está prevalecendo.

Jesus lhes diz , e nos diz, que Deus não age assim, que aqueles acontecimentos, antes de serem vistos como manifestação da raiva de Deus, devem ser vistos como oportunidades de conversão, pois que todos somos pecadores.

Hoje em dia poderíamos compreender isto se também nós no reconhecermos pecadores, tanto quanto os milhares que morreram no terremoto do Haiti, ou os que morreram na tragédia do Tsunami da Indonésia, ou no terremoto do Japão e das catástofres ambientais.Etc.


Esses eventos acontecidos não falam da ira divina, eles falam à nossa consciência.Eles são poderosos apelos para que sejamos solidários com a dor alheia.Falam antes, da necessidade de compartilharmos a dor do irmão que perdeu tudo e não que sejamos seus juízes e acusadores, como muitos fizeram...

São momentos que exigem de nós >conversão, mudança de atitudes, de meros acusadores para irmãos no sofrimento alheio.

Para os que não se convertem , na segunda parte do texto> Jesus nos conta a parábola da figueira estéril plantada em meio a uma vinha. Ela durante 3 anos não deu frutos, mas o agricultor, que é Jesus, pediu  ao Vinhateiro > que é o Pai, que deixasse a figueira por mais um ano, por mais um tempo, que Ele  a adubaria  e quem sabe ela poderia  dar seus frutos?

O texto não fala se a figueira deu frutos depois, porque cabe a nós terminar a parábola da figueira estéril, se nós, como figueiras estéreis , conseguimos dar frutos, mercê da Graça de Deus que sempre espera mais um pouco,. Que sempre demonstra que além de ser Exigente, Deus é paciente e amoroso, sempre a esperar que possamos dar frutos, ainda que fora do tempo.

E nós? Somos como os fariseus que sempre enxergam nas tragédias castigos pelo pecado alheio?


Ou somos como o Cristo quer? Pessoas que se convertem diante da dor humana, e que dão frutos de conversão, de amor fraterno, de justiça, de misericórdia uns com os outros > segundo a misericórdia de Deus , que sempre espera, que sempre nos dá uma segunda chance?

Frei Bento, frade menor e pecador.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Um rico nada sensato.


A Parábola do Rico Insensato de Rembrant -1627
                                                                    

Paz e Bem


O evangelho de hoje, Lucas 12, 13-21 nos trás a passagem da disputa da herança entre dois irmãos e a parábola do rico insensato.

Dentre os irmãos, um pede a Jesus que decida para quem ficaria o dinheiro, mas Jesus não concorda, Jesus não veio julgar o mundo, veio para salvá-lo.

Para Jesus interessa é que a pessoa se converta aos valores do Reino.E então nos conta a parábola do agricultor que nem sabe o que fará com tantos bens que acumulou.

Mas este trecho, também conhecido como a parábola, a do rico insensato, nos convida a pensar sobre o perigo e a total “ambição”do homem em acumular bens materiais e esquecer o sentido pleno da vida. 

Quer acumular coisas materiais: herança, sucesso, imagem pessoal, avareza, etc. e descuida o ser rico nos valores do Reino. 

E o pior , quantos são induzidos a este embuste?

Jesus não quis denunciar o desejo de viver decentemente, mas a mania de colocar sua esperança nas riquezas desta vida,e fazer com que sejam vistas como “bênçãos” de Deus. 

Os verdadeiros tesouros estão junto a Deus, onde a traça e a ferrugem não agem, esta parábola afirma que “a vida do homem não consiste na abundância de bens”. 

Ele ensina que a riqueza não garante nada, nem alegria nem felicidade . 

Por isso que essa página do Evangelho merece ser lida muitas vezes por cada um de nós e pelos que tanto “cultuam a vaidade do TER” e a tal “teoria da prosperidade”.

Estas riquezas na hora do juízo serão as testemunhas de nossa avareza, injustiça e exploração (São Tiago, 5,1-6), não as riquezas que constituam a alegria de Deus.

Então, nos é perguntado pelo Senhor, você quer ter , poder, parecer, ou ser?

Frei Bento, frade menor , pobre e pecador.

domingo, 16 de outubro de 2011

A César o que é de César e a Deus o que é de Deus ! O que é de Deus?





Paz e Bem !

O Evangelho de hoje, Mateus 22, 15-21 nos trás a famosa frase de Jesus, quando interpelado pela hipocrisia dos fariseus, e dos herodianos daquele tempo, que até hoje fazem  perguntas hipócritas,não se interessando propriamente pelas respostas que são dadas. 

Fazem perguntas para "tentar" no pior sentido que a palavra "tentação" tem.

E é isso que fazem com Jesus quando lhe perguntam: é lícito pagarmos impostos a César.

Jesus percebe a armadilha dos fariseus .

Que nós possamos percebê-las também.

Primeiro falsamente elogiam o Senhor, mas com elogios verdadeiros.

Sim , Jesus é sincero quando ensina o caminho de Deus. E Não faz acepção de pessoa alguma.

Como fazem os fariseus.

É lícito ou não pagar tributos a César?

O tributo era o sinal da dominação romana; os fariseus a rejeitavam, mas os partidários de Herodes a aceitavam.

Se Jesus respondesse "sim", os fariseus O desacreditarão diante do povo; se ele dissesse "não", os partidários de Herodes iriam acusá-lo de subversão.

Mas Jesus não discute a questão do imposto.

Para Jesus o que importa é o ser humano, não as autoridades e suas hipocrisias: a moeda é de César, mas o povo é de Deus.

O imposto só é justo quando reverte em benefício do bem comum. Jesus condena a transformação do povo em mercadoria que enriquece e fortalece tanto a dominação, como vemos hoje em dia, tantos sendo dominados por uma nova forma de "imposto" m cobrado "em nome de Jesus"mas que beneficia os falsários agindo em Seu Nome.

E o povo sendo objeto de exploração do governo, pagando altos tributos sem que a contrapartida seja revertida em seu favor.

No Brasil , o povo paga altos impostos ao Governo, e recebe baixíssimos serviços pelo que paga.

O que é de Deus certamente não é nem dos que extorquem o povo em Nome de Deus, nem é de Deus o que o povo paga ao Governo, que beneficia os grandes interesses econômicos, que não são os interesses do povo, sobretudo dos mais pobres.

O que é de Deus é a felicidade de Seu povo, o que é de Deus é a partilha dos bens e das riquezas, de forma que possamos dizer como aqueles que viviam nas comunidades do princípio " "Não havia indigentes entre eles... A cada um era repartido segundo a sua necessidade" (At 4,34-35).

O que é de Deus está sendo revertido em função dos que são de Deus, o seu povo, ou dos que agem como se fossem ?


Frei Bento, frade menor e pecador.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Do quinto evangelho: proclamação do Cristo do Corcovado.



Naqueles dias, ao se completarem 80 anos de existência, o Cristo do Corcovado estremeceu e se reanimou. O que era cimento e pedra se fez carne e sangue. Estendendo os braços, como quem quer abraçar o mundo, abriu a boca, falou e disse: "Bem-aventurados sois todos vós, pobres, famintos, doentes e caídos em tantos caminhos sem um bom samaritano para vos socorrer. O Pai, que é também Mãe de bondade, vos tem em seu coração e vos promete que sereis os primeiros herdeiros do Reino de justiça e de paz. Ai de vós, donos do poder, que há 500 anos sugais o sangue dos trabalhadores, reduzindo-os a combustível barato para vossas máquinas de produzir riqueza iníqua.

Bem-aventurados sois vós, indígenas de tantas etnias, habitantes primeiros destas terras ridentes, vivendo na inocência da vida em comunhão com a natureza. Fostes quase exterminados. Mas agora estais ressuscitando com vossas religiões e culturas dando testemunho da presença do Espírito Criador que nunca vos abandonou.


Ai daqueles que vos subjugaram, vos mataram pela espada e pela cruz, negaram-vos a humanidade, satanizaram vossos cultos, roubaram-vos as terras e ridicularizaram a sabedoria de vossos pagés.


Bem-aventurados e mais uma vez bem-aventurados sois vós, meus irmãos e irmãs negros, injustamente trazidos de África para serem vendidos com peças no mercado, feitos carvão para serem consumidos nos engenhos.


Ai daqueles que vos desumanizaram. Malditos: a senzala, o pelourinho, a chibata, o grilhão, o navio negreiro. Bendito o quilombo, advento de um mundo de libertos e de uma fraternidade sem distinções.


Bem-aventurados os que lutam por terra no campo e na cidade, terra para morar e para trabalhar e tirar do chão o alimento para si e para os outros.


Maldito o latifúndio improdutivo que expulsa posseiros e que assassina quem ocupa para ter onde morar, trabalhar e ganhar o pão para seus filhos e filhas.


Bem-aventuradas sois vós, mulheres do povo, que resististes contra a opressão milenar, que conquistastes espaços de participação e de liberdade e que estais lutando por uma sociedade que não se define pelo gênero, sociedade na qual homens e mulheres, juntos, diferentes, recíprocos e iguais inaugurareis uma aliança perene de partilha, de amor e de corresponsabilidade.


Benditos sois vós, milhões de menores carentes e largados nas ruas, vítimas de uma sociedade de exclusão e que perdeu a ternura pela vida inocente.


Felizes os pastores que servem, humildemente, o povo no meio do povo, com o povo e para o povo. Ai daqueles que trajem vestes vistosas, se envaidecem nas televisões, usam símbolos sagrados de poder, exaltam o Pai Nosso e esquecem o Pão Nosso.


Bem-aventuradas as comunidades eclesiais de base, os movimentos sociais por terra, por teto, por educação, por saúde e por segurança. Felizes deles que, sem precisar falar de mim, assumem a mesma causa pela qual vivi, fui perseguido e executado na cruz. Mas ressurgi para continuar a insurreição contra um mundo que dá mais valor aos bens materiais que à vida, que privilegia a acumulação privada à participação solidária e que prefere dar os alimentos aos cães que aos famintos.


Bem-aventurados os que sonham com um mundo novo possível e necessário no qual todos possam caber, a natureza incluída. Felizes são aqueles que amam a Mãe Terra como sua própria mãe, respeitam seus ritmos, dão-lhe paz para que possa refazer seus nutrientes e continuar a produzir tudo o que precisamos para viver. Felizes sois vós porque sois todos filhos e filhas da alegria, pois estais na palma da mão de Deus. Amém".



(Leonardo Boff)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Maria, a que apareceu nas muitas águas.








Paz e Bem !



Hoje celebramos a solenidade da padroeira do Brasil, Nossa Senhora da Conceição na pesca milagrosa de pobres pescadores do rio Paraíba= muitas águas em Tupi. 


“Muitas águas também significam “Maria”, como lemos no Gênesis no latim da Vulgata: 


“Et vocavit Deus aridam terram congregationesque aquarum appellavit 
“ MARIA” et vidit Deus quod esset bonum. 

E Deus viu que era bom! 

Em Deus não há coincidência, tudo é Providência.

Também ouvimos falar de muitas águas no Evangelho de hoje , a narrativa de São João sobre  das Bodas de Caná da Galiléia >onde estavam O Cristo e Sua Mãe.

Maria estava lá,  e a partir do que ela falou, outros juntaram também muitas águas, que Jesus transformou em vinho , que todos viram que era muito bom... 


E foi pela observação dela sobre a falta do vinho, sinônimo da vida para aqueles convidados para as Bodas, que também somos nós, que tudo se transformou. 


Bodas como aliás meditamos,  no Evangelho do Domingo passado. 


A festa da vida , o banquete das núpcias é o sinal do Reino de Deus, prefigura o Reino, onde nossas vidas assim transformadas da água para o vinho, encontraremos a paz e a justiça que é o outro nome do Reino de Deus.  Que ainda está no meio de nós, como Jesus falou, mas nós teimamos em ficar fora dele, quando renunciamos a paz e a justiça, para dar espaço para aquilo que não vem do Senhor, que não é o que Jesus nos diz. 


Fazei tudo que Ele vos disser, este pedido de Maria ecoa pelos séculos, e tantos de nós permanecemos surdos a este pedido, e assim , nossas vidas não se transformam, não se orientam. 


Vejamos essa pequenina imagem reencontrada “nas muitas águas”, ela tem o tamanho exato da humildade de Maria, é negra como a cor dos nossos irmãos excluídos e marginalizados, é simples e pobre como foi Nossa Senhora, e trás no manto o azul do céu, destino da nossa Esperança. 


Solenidade de Nossa Senhora Aparecida MM XI – AD 


Frei Bento, filho de Maria, pobre e pecador. 





sábado, 8 de outubro de 2011

O Banquete.




Paz e Bem !


Lemos nos dois últimos dias Jesus falando aos seus e insistindo sobre a necessidade do desapego a tudo que nos pesa e nos limita no compromisso do Reino, para que saibamos que o nosso lugar nesta espera é sempre o último, porque o último sempre é o que mais tem esperança,. Os que estão no fim da fila são sempre os que mais esperam, os que mais anseiam, e quando conseguem , dão valor ao que conseguiram de forma mais excelente do que aqueles que sempre foram os primeiros, os que nem sempre experimentam a esperança como forma de vida. Assim como o Reino de Deus é construído não pelas certezas, mas pela esperança, os últimos saberão o sabor de terem alcançado o seu objetivo.


Mas  hoje, o Senhor  nos fala em Mateus 22, 1-14 de um Banquete, o símbolo do Reino de Deus, a terna festa que Deus nos prepara , a mesma festa que o pai Misericordioso deu ao filho pródigo, porque esse estava perdido e foi achado, estava morto e reviveu.


No evangelho de Mateus de hoje em Jesus,  Deus convoca os homens para uma nova aliança, simbolizada pela festa de casamento. Os que rejeitam o convite são aqueles que se apegam ao sistema religioso que defende seus interesses e, por isso, não aceitam o chamado de Jesus. Estes serão julgados e destruídos juntamente com o sistema que defendem. O convite é dirigido então aos que não estão comprometidos com tal sistema, mas, ao contrário, são até marginalizados por ele. Começa na história novo povo de Deus, formado de pobres e oprimidos. Os vv. 11-14, porém, mostram que até mesmo estes últimos serão excluídos, se não realizarem a prática da nova justiça, dos que não se revestem deste traje de festa.
Porque revestir-se de uma nova roupa aqui tem o sentido de uma mudança de vida, de uma conversão íntima que se revela no nosso  exterior  tal  como uma nova roupa que usamos, mais bela e mais sobretudo nova.
Porque o Evangelho é a Novidade que por um lado escandaliza o mundo , por outro lado é exigente e comprometedor.
A Festa do Banquete do casamento do Filho do rei, é escatológica, é uma pressa escatológica que se narra aqui, a pressa que devemos ter em nos encontrarmos com o Noivo, antes que a comida esfrie, antes que o Rei nos renegue. Pois este é o Banquete dos pobres, daqueles que no  próprio Mateus  pudemos saber que  Jesus está.
O Banquete que nos libertará ou nos condenará, a depender da atitude que tivemos com os pequeninos do Senhor.
Sabemos a nossa sentença por antecipação, aqui neste texto de hoje, como no texto do capitulo 25, o destino dos que não se comprometeram com este Evangelho de pobres, é a exclusão do Banquete da vida, é o passar à condição de choro e ranger de dentes.
Muitos serão chamados, poucos os escolhidos para permanecer na Vida Eterna, o Banquete das Nupcias do Cordeiro com Sua Noiva, a Igreja dos Pobres de Deus.


Na primeira Leitura, Isaías 25, 6-19 , o Profeta também fala de um Banquete servido por Deus no alto de um Monte, onde são convidados todos os povos da terra, que se fartarão com a excelência das comidas e com a qualidade das bebidas. 


Na nossa vida o Banquete servido por Deus é a Eucaristia, a Verdadeira Comida e a Verdadeira Bebida, o Corpo e o Sangue do Noivo para cuja festa Mateus nos convidou.


Cantamos isto  no Salmo de Meditação de hoje  o Salmo  22 , O Senhor é o meu Pastor, nada me faltará.
O Senhor que prepara um mesa para mim, bem diante do meu inimigo, diante do meu pecado, daquilo que me fez tornar-me distante deste Pastor , mas que agora é confrontado pela caridade do Banquete que me é oferecido.


E minha taça transborda. A taça do vinho transbordante, que é a vida em plenitude.


E Paulo Apostolo nos falará da riqueza que este Nosso Deus nos prepara.


A Riqueza dos Dons do Espírito Santo, sem os quais nada somos, vivemos na miséria presos aos sentidos mais mesquinhos do "ter" , sem a riqueza do "ser". 


Também nós vivemos como Paulo, na penúria e ter muita coisa e nada ter de concreto, e devemos aspirar como ele aspirou aos bens do alto, às riquezas de Deus, as que Jesus disse que as traças não irão corroer,e  nem a ferrugem.


Procuremos esta riqueza imensa que Deus nos oferece no Seu Filho, guardados Nele, tudo poderemos, pois Nele confiamos.


Já aceitamos o convite para esta Festa? Já estamos usando a as vestes da Justiça e do Amor?


Frei Bento, fade menor e pecador.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Por que São Francisco sempre parece tão novo enquanto nós parecemos tão velhos?







PAX ET BONVM !

Francisco de Assis e sua aventura com Deus há 800 anos fascina o mundo.

É  como uma estória de um cavaleiro medieval que finalmente encontrou seu santo Graal, seu cálice sagrado, a busca de uma vida inteira.

Jesus no Evangelho nos desafia: segue-me, largue tudo que te pesa nos ombros, deixa teu coração pesado e venha depositar seu coração no meu,  manso e humilde, meu fardo é leve, meu jugo é suave, mas meu caminho é de cruz!

Este Jesus de fardo leve e jugo suave e de caminho de cruz,  encantou Francisco que nos reportou este encontro e re-novou este apelo, tornado-o sempre novo, porque Cristo é o mesmo hoje e sempre, nós  é que estamos nos tornando velhos...

Mas me permitam falar de São Francisco neste dia tão feliz.

É que o pai seráfico foi atingido tão vigorosamente pelo Sermão da Montanha do Senhor que viveu essas bem-aventuranças na essência dessas duas palavras> a docilidade.

Francisco é o cristão que  encarna as bem-aventuranças como se fossem ditas para ele, e as procurou viver de forma generosa e alegre.

Quer algo mais absurdo que as Bem-Aventuranças? Elas vão contra todo senso da razoabilidade> felizes seremos se formos pobres, quando o mundo idolatra o deus mercado. Felizes seremos se formos perseguidos ! Ora , que absurdo, como alguém pode ser feliz sendo perseguido? Felizes nós  seremos quando nos odiarem! Mas que contra senso!

O Evangelho não é razoável, o Evangelho é exigente, é uma cruz, é um desafio de todo dia.

A graciosidade de São Francisco foi ter percebido toda essa irracionalidade aparente do Caminho de Jesus, tendo-a  vivido de forma leve e mansa, humilde e pobre, confiando que toda essa loucura evangélica, leva ao céus, o lugar onde a Utopia abraça a realidade.
Francisco ameniza o Evangelho, vivendo sua realidade com alegria e cordialidade.

Ele des-polariza o pecado e a punição, através  a vida fraterna como ponte entre as durezas do caminho de Jesus e a nossa fragilidade humana

E se torna então irmão, dos passarinhos, das estrelas, do sol, das nuvens, do sereno, das flores, da terra, até chegar ao ponto  ser irmão da morte, que ele derrotou.

Cristo a derrotou na Ressurreição, Francisco derrotou a morte tornando-se seu irmão.

E por fim , São Francisco é eternamente novo, porque confiou no ser humano como criatura do Deus Altíssimo, que de tanto que foi amado, só pode ser amado também.

Que novidade é essa? Quando tantos hoje em dia degradam o  homem como predador e lobo de si mesmo ! É que Francisco nos entende como campos férteis para  a misericórdia do Pai .

Esta confiança irrestrita na Misericórdia de Deus é que foi o Santo Graal de Francisco, o Cálice Santo que ele encontrou, na pobreza de Jesus, nas exigências transformadoras do Evangelho , lido  em doçura.

Solenidade de São Francisco de Assis - MM XI AD

Frei Bento , frade menor e pecador.





sábado, 1 de outubro de 2011

VINEA MEA ELECTA.





Paz e Bem  !


Neste Domingo  ouvimos a proclamação do Santo Evangelho  segundo  S Mateus 21, 33-43 e 45-46 > a Parábola que Jesus contou sobre os trabalhadores da Vinha.
A história de um Senhor que plantou uma Vinha e a confiou a seus lavradores, para que cultivassem as uvas, e produzissem o vinho.
Chegado o tempo de receber pelo que foi produzido, o Senhor mandou seus empregados para receberem o produto do fruto da Vinha. Os lavradores atacaram os enviados , mataram alguns e feriram todos.
O Senhor da Vinha mandou outros e com estes aconteceu o mesmo. 
Por fim, o Senhor mandou Seu Próprio Filho dizendo, sendo meu Filho eles O respeitarão.
Não respeitaram, pelo contrário, pensaram, se este é o Filho e o Herdeiro, devemos matá-lo e ficaremos com toda a Vinha para nós. 
E o fizeram, rejeitaram o Filho e o lançaram fora, e depois O mataram.
Jesus então pergunta: O que deverá fazer o Senhor da Vinha?
Disseram – Ele voltará , matará todos os maus lavradores e novamente entregará a Vinha para outros que produziram frutos no tempo certo e darão ao Senhor a parte que lhe cabe por justiça.
Jesus porém lhes diz> Vocês não leram o que as Escrituras Sagradas dizem?
"A pedra que os construtores rejeitaram veio a ser a mais importante de todas.
Isso foi feito pelo Senhor e é uma coisa maravilhosa!"


Nesta Parábola, logicamente que Jesus se referia à História da Salvação dentro da História de Israel, não a história cronológica, mas a história enquanto povo eleito,  e os servos que foram mandados antes do Filho foram os profetas que O anunciaram e foram mortos, culminando com o Filho do Dono da Vinha que também foi morto e lançado fora da Vinha, foi lançado fora do Seu povo, como profetizou Isaías 53,3-4


O mesmo Isaías  que na primeira leitura de hoje, Isaías 5, 1-7, canta , em nome de seu Amigo, um cântico de amor à Vinha, que o Amigo plantou em terra fértil em uma colina. Lavrou e limpou a terra das pedras, e no meio plantou uma torre e só escolheu cepas perfeitas, esperando colher uvas doces. O Seu povo eleito. 
Mas ela só produziu uvas amargas, e o Profeta indaga de Jerusalém: quem mais poderia fazer pela minha vinha que não foi  feito? A Vinha do Senhor era a casa de Israel.


E no Evangelho de hoje, Jesus recorre à esta mesma imagem de Isaías , a Vinea mea electa - a Minha Vinha eleita, para contar esta Parábola , onde os que foram mandados para colher os frutos foram mortos, até que tomaram  o Próprio Filho do Dono da Vinha, e o lançaram fora da Vinha , O rejeitaram e O mataram.


Mas o interessante é que Mateus dá um outro desfecho à Parábola, diferente do desfecho de  Marcos 12. 1-12.
O Evangelho de S.Mateus, como todos sabem, foi escrito num contexto de polêmica entre a sua comunidade e o judaísmo formativo do fim do primeiro século, queria ensinar para a sua comunidade que a promessa antiga feita ao Povo de Deus foi retirada das autoridades farisaicas e das suas comunidades, e foi dada à comunidade da Igreja.


Mas também devemos notar que em ambos os textos, Jesus não diz se a Vinha deu frutos, apenas diz que mataram os mensageiros que vieram buscar o FRUTO DA VINHA.


E no meu entender, aí está a lógica por trás da lógica de Jesus, a ninguém pertence o Fruto da Vinha se este Fruto não for a Justiça e a Paz.


Porque em Mateus está escrito algo que Marcos não escreveu :
"o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos".


Assim este texto , melhor lido em Mateus, nos obriga a uma séria reflexão sobre nós mesmos, sobre que tipo de Fruto estamos produzindo, que tipo de Vinha trabalhamos, se nosso produto é Justiça e Paz, Amor , Esperança e Caridade, pois do contrário, também de nós poderá ser tomada a Vinha porque nenhum de nós a possui, ela é do Dono da Vinha, que a plantou e a cercou e espera de nós que cuidemos que ela dê frutos . Que sejamos humildes trabalhadores da Vinha do Senhor.


Conseguiremos?


Santo Anjo do Senhor, meu zeloso guardador, se a ti me confiastes a piedade divina, sempre me rege, me guarde, me governe e me ilumine.  Amém.


Frei Bento,  frade menor  e pecador.