Paz e Bem !
Neste Domingo a Igreja nos propõe três preciosos textos bíblicos que desvendam o mistério da iniquidade e o mistério da piedade, entre os quais caminhamos na estrada de nossas vidas.
De inicio, a primeira leitura, retirada de Gênesis 2, 7-9; 3 -7 nos falará da criação do ser humano, considerando a simbologia e poesia do texto, nos mostrará o mistério da piedade , quando Deus nos faz do nada , e sopra-nos o hálito da vida que nos faz viventes. E a piedade divina nos coloca dentro de um jardim de belezas, ao oriente, com múltiplas árvores com seus múltiplos frutos, e nós em harmonia com esse jardim primordial.
Então, do nada, do pó, Deus nos cria e nos enche de vida plena.
E no centro deste jardim Deus faz nascer duas árvores, uma da vida, e outra da ciência do bem e do mal.
A simbologia do “oriente” nesta passagem bíblica é intencional, a luz que iluminava esse jardim de delícias era a luz do oriente, a luz do nascente, um símbolo tão forte que até hoje dizemos : “preciso me orientar”, ou, “ busco uma orientação”, “fulano está precisando de se orientar”, etc.
O oriente é de onde vem-nos luz, tanto no sentido geográfico, como no sentido espiritual e moral.
As duas árvores plantadas no centro deste jardim entretanto são os limites que marcam as diferenças entre o Homem e Deus, especialmente a da ciência do bem e do mal;
E a narrativa simbólica do texto prossegue nos apresentando a serpente com seu principio mentiroso > pois que a tentação se inicia com a mentira, embora a sua primeira palavra seja “verdade”> “ é verdade que Deus vos disse: não comereis de nenhuma árvore do jardim?”
É princípio da mentira que sorrateiramente se introduz na história humana, não é assim que começam todas as tentações, todas as mistificações, todas as hipocrisias? Com uma mentira dita em tom de verdade?
E o que é respondido por Eva não é considerado, o não da resposta de Eva é descartado, porque a mentira prossegue: “Não! Vós não morrereis! Vossos olhos se abrirão e sereis como Deus, conhecendo o bem e o mal!”
Esta frase diz tudo sobre o principio do mal que se perpetua na História > “sereis como Deus”. Não , não seremos como Deus, porque conhecendo o bem, optamos pelo mal, conhecendo o mal o praticamos na cultura da morte que incide sobre o mundo, “somos como Deus” quando decidimos matar, roubar, oprimir, marginalizar, abortar, destruir, guerrear , etc. ?
Não, definitivamente, não.
E depois de optarmos “por ser como Deus”, nos vemos nus, a nossa iniqüidade nos desnuda diante dos outros e de nós mesmos. Isto é o pecado.
E Paulo Apóstolo retoma o tema do pecado na segunda leitura, Romanos 5, 12-19, quando nos diz que pelo pecado de um só, levou à condenação de muitos, pelo dom contido na graça de um só, Jesus Cristo , Deus concedeu o dom da graça a muitos.
Muitos não são todos....
E por fim, temos o Evangelho do Domingo, Mateus 4, 1-11, que nos apresenta as tentações no deserto , mas que na verdade não são tentações como num duelo entre dois inimigos . Não, as tentações dos 40 dias do deserto nos apresentam a piedade divina que, de forma pedagógica nos ensina a vencer o mal > quando Jesus responde ao maligno com a Palavra de Deus e com a graça divina. As mesmas “armas” que Jesus irá incluir na Sua Oração, ensinando-nos a pedir ao Pai que não nos deixe cair nas tentações e que nos livre do maligno.
Portanto, as tentações não são ameaças concretas para quem anda segundo o Senhor, apoiado na Sua Palavra e na Esperança na Sua Misericórdia.
Como ocorreu com Jesus no deserto.
Frei Bento, frade menor e pecador.
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