Paz e Bem!
No Evangelho desta Sexta-Feira, São Mateus 12, 1-8, Jesus atravessa com os discípulos os trigais, era Sábado e tinham fome. Comeram as espigas. E os indefectíveis fariseus, aqueles que seguiam Jesus para acusar e tentar o Senhor erguem o dedo e apontam: Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!
São os mesmos que apedrejam os pecados alheios, se esquecendo dos seus próprios.
Ao tempo de Jesus, e no nosso também, a Fé, para muitos, é uma lista de “pode, não pode”, a Fé se tornou um ritual de observâncias farisaicas, de prescrições e leis que desconsideram o Amor de Deus para conosco.
Até religiões são criadas por falsos (e falsas) profetas, baseadas não no Amor, mas em dias da semana, como se fosse este o fator de nossa salvação. Deslocam o eixo do amor a Deus e ao próximo, para o eixo, não farás isto, não farás aquilo, uma imensa coleção de “nãos,” quando o sentido de nossa vida gravita todo ele no sim, na afirmação, na confissão que Jesus é o Senhor de nossas vidas, não um dia da semana do tempo contado pelos homens.
A Fé é uma experiência libertadora, ela nos é apresentada a como uma proposta de liberdade absoluta, cuja adesão implica em compromissos, não com dias de semana, nem com minúcias farisaicas de observância legalista. A Fé que abraçamos nos impele ao abraço do outro, do pobre, do pequenino, do pecador, do oprimido.
É o que Jesus nos declara no final do texto do Evangelho de hoje, a mesma frase que Ele cita do profeta Oséias> Quero misericórdia e não sacrifícios. A mesma frase que o Senhor diz no mesmo Mateus, capitulo 9, 13 > “Ide e aprendei o que significam estas palavras: Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Os 6,6). Eu não vim chamar os justos, mas os pecadores."
Hoje Ele nos diz : “Se compreendêsseis o sentido destas palavras: Quero a misericórdia e não o sacrifício... não condenaríeis os inocentes.”
Esta frase parece que causou muito impacto em Mateus, pois que ele a repete aqui, com o agravante do pecado de quem julga a Lei e pela Lei: “não condenaríeis os inocentes”.
Quanta beleza e força nesta sentença de Jesus, dirigida para aqueles que são incapazes do passo além, o de andar pelos trigais do Senhor, colhendo o trigo, vivendo a imensa maravilha da liberdade que o Amor de Jesus nos dá. Aqueles que são incapazes da Misericórdia, porque julgam a lei, e, se julgam a lei , já não são mais seus cumpridores, mas seus juízes.
(cnf. Tg 4, 11-12)
Frei Bento, frade menor e pecador.
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