O que nos falta ?

Paz e Bem !

O Evangelho de hoje  é o texto de Marcos 10, 17-27, onde um homem rico (Mateus irá chamá-lo de jovem. Marcos o chama de um homem, da multidão),  chega até Jesus e lhe pergunta como entrar na vida eterna.

Jesus lhe responde, cumpra os mandamentos> " não matarás; não cometerás adultério; não roubarás; não levantarás falso testemunho; não prejudicarás ninguém; honra teu pai e tua mãe”. 

Curiosamente,  Jesus não cita , como causa de salvação, o que os outros  tanto citam, o foco de Jesus são os mandamentos da ética, talvez por não cumprirem esses, é que tantos só falam em Êxodo 20,4.

Mas para Jesus, que é quem nos interessa, a ética , a relação com o irmão, o respeito aos pais, ao patrimônio alheio, isto sim, é o que importa.

Mas o homem lhe diz, tudo isto já faço....

E Cristo então lhe diz sobre o diferencial, o principal, e o faz "com olhos de amor">

Só uma coisa te falta então para cumprires realmente a Vontade de Deus, que sejas salvo> 

"vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois vem e segue-me!”

Mas isto era muito difícil para aquele homem, e também é para os discípulos que rodeavam Jesus.

E o homem sai triste, porque , Marcos nos explica > ele era muito rico.

Jesus então ensina sobre ser mais fácil um camelo entrar pelo fundo da agulha do que um rico entrar no reino de Deus.

E aos Apóstolos Ele dirá>

“Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna".

O que eu gostaria de refletir é> o que nos falta para seguir Jesus e alcançar a vida eterna, é exatamente aquilo que tantos perseguem> bens, riquezas, prosperidade, poder, posição social, etc.?

Enquanto a unica coisa que nos fará entrar no reino, é exatamente aquilo que poucos conseguem > vender tudo que tem e dar aos pobres, largar tudo que tem e seguir Jesus pobre ,  humildemente.

É isto que também nos  falta?

Frei Bento, irmão menor e pecador

Já nos vestimos tão bem como os lírios do campo? A quem servimos, a Deus ou ao dinheiro?

Paz e Bem !

No Evangelho deste Domingo,  São Mateus 6,24-34, lemos:

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro. Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com o vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal, a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros? Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé? Portanto, não vos preocupeis, dizendo: O que vamos comer? O que vamos beber? Como vamos nos vestir? Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas”. – Palavra da Salvação.

É o Senhor Jesus nos alertando sobre o valor da santa pobreza e da santa simplicidade, e sobretudo nos convidando a crer na justiça e na misericórdia de Deus.

E somos nós os agentes dessa justiça e misericórdia, na medida em que somos agentes de um mundo novo, em que construímos pontes entre a guerra e a paz, entre as injustiças e a justiça, dos que sofrem pela ganância de uns poucos e são humilhados em suas dignidades.

Na medida em que tiramos nossa Fé da Lei que a escraviza , e a inserimos nas Bem Aventuranças do Evangelho.

Somos instrumentos da paz de Deus, levando amor, alegria,esperança, verdades,luz, onde há tanta treva?

Ou apenas cooperamos para que o dinheiro seja o grande ídolo dos nossos tempos?

Frei Bento,frade menor e pecador.

Uma reflexão sobre o batismo das crianças, a partir do Evangelho de Marcos 10, 13-16.

Paz e Bem

"Deixai vir a mim os pequeninos e não os impeçais, porque o Reino de Deus é daqueles que se lhes assemelham", é a frase central do Evangelho deste Sábado, Marcos 10, 13-16.

Que nos leva a uma reflexão sobre o batismo das crianças, admitido pelas Igrejas Católica e Ortodoxa, e por algumas protestantes históricas, como a Anglicana, a Luterana e salvo engano, pela Presbiteriana.

O Senhor nos dirá no Evangelho que sigamos pelo mundo batizando em Nome da Santíssima Trindade, e nos diz também que todo aquele que crer e for batizado será salvo.

A verdade é, certamente, que ninguém é salvo porque  primeiro acreditou no Evangelho.

Ele é salvo através do crer, mas não após o crer. Isso faria a fé ser uma obra e seria uma negação da salvação pela graça somente.

Quando cremos em Cristo é porque Deus já começou sua obra de salvação em nós.

Todavia, até mesmo aqueles que crêem na salvação pela graça, dizem que o recebimento do sinal da salvação por uma pessoa depende de sua fé!

Ele pode receber a salvação “sem o seu conhecimento”, isto é, antes de ser capaz de responder e enquanto ainda está morto no pecado, mas ele não pode receber o sinal dessa salvação,  sem conhecimento. 

Isso é ainda mais claro quando entendemos que a água do batismo é somente o sinal do batismo. O batismo real é o lavar dos pecados pelo sangue de Jesus Cristo (Romanos 6,3, Colossenses 2,12, Tito 3,5).

O batismo real não é algo que dependa do nosso crer, e nem da nossa resposta, mas ele é “sem o nosso conhecimento”. Porque, de fato, ele já foi realizado principalmente na cruz, muito antes de nascermos (Romanos 5,8). Quão apropriado é que o sinal deva se igualar com a realidade nesse ponto. 

Não somente isso, mas recebemos realmente o batismo verdadeiro, o lavar dos nossos pecados, tão logo nascemos de novo na família de Deus.

Ao mesmo tempo somos ainda 'infantes' , no entendimento e obediência (Hebreus 5,12-14).

É tão estranho, então, que devamos receber o sinal do batismo no mesmo tempo do nosso primeiro nascimento e quando ainda somos crianças ? 

Tudo isso é a razão pela qual Marcos 10,14 é algumas vezes usado como uma prova para o batismo infantil, embora a passagem não mencione o batismo de forma alguma.

As crianças que foram trazidas para Jesus eram infantes (a palavra grega mostra isso, assim como o fato de que elas foram 'trazidas').

E, sem nem mesmo a possibilidade de qualquer tipo de resposta de fé da parte deles,  Jesus lhes concede a salvação, pois o que mais isso poderia significar, ser trazido até Ele, ser recebido por Ele, ser abençoado por Ele, se  não ser salvo por Ele?

O argumento, portanto, é que, visto que esses pequeninos receberam salvação Dele, o sinal da mesma salvação não deve lhes ser negado. Como ele poderia ser negado? 


Mas negam assim mesmo, negam levar a Ele os pequeninos e assim , se colocam na infeliz posição de juizes de quando se deve dar a salvação, ou seja, usurpam o papel de Deus.

Frei Bento, frade menor e pecador.

Sobre o matrimônio, sobre a castidade, sobre o celibato.

Paz e Bem !


É permitido a um  homem rejeitar a sua mulher por um motivo qualquer?

Meus irmãos caríssimos, a pergunta acima não é minha, é dos fariseus que tentavam Jesus com suas perguntas, como esta do Evangelho desta Sexta Feira, Mateus 19, 3-12.

Perguntas  para as quais não queriam respostas, porque a intenção deles era apenas tentar Jesus em alguma contradição.

Ora, como Jesus é Deus, em Deus não há contradição alguma.

A contradição é algo muito humano, e nela caem aqueles que não se sentem seguros de suas respostas.

Jesus devolve aos fariseus a contradição na qual eles queriam tenta-lo, pois a Lei de Moisés permitia o divórcio, e eles sabiam disto.

Mas o importante aqui não é a Lei como resposta, é o espírito da Lei que Jesus invoca para justifica-la > Moisés permitia o divórcio por causa dos corações endurecidos dos homens.

Mas por que?

Podemos ler no Deuteronômio 24, 1-4, primeiro que não foi Deus quem “permitia” a carta de divórcio, é Moisés quem a permite para que a mulher hebréia pudesse ter um novo começo, uma nova chance, visto serem consideradas como meras propriedades dos homens de seu tempo.

Uma sociedade assim, onde os homens detinham todos os direitos e a mulher nenhum, contrariava fundamentalmente a verdadeira Lei de Deus, aquela que os fariseus não queriam se lembrar, a Lei de Deus que diz em Gênesis 1, 27 e 2, 24,  que Deus criou o homem e a mulher, à Sua semelhança os criou;  e o homem deverá deixar seu pai e sua mãe e unir-se à sua mulher , e eles se tornam uma só carne.

E assim unidos ,em  uma só carne, separar o homem de sua esposa, é separar o que Deus uniu.

A lei de Moisés é o resultado histórico de sua época, não nos serve como referência.

O que é a nossa referência é a que O Cristo fala, e Ele , como Verbo de Deus nos diz,  de forma inseparável :  "não separe o homem o que Deus uniu."

Quem assim age, o faz na dureza de seus corações,a mesma dureza dos fariseus, que ainda andam por sobre a nossa terra, destruindo aquilo que Deus criou  e viu que era bom:  a natureza, a humanidade, a família.

Porque os fariseus de todos os tempos não procuram o Bem , nem o Bom.  São fariseus, aqueles que perguntam sem se interessar pelas respostas, aqueles que escondem o sentido de todas os seus vãos questionamentos> a morte, seja da nossa Fé, como os fariseus de hoje, seja a morte do Cristo, como os fariseus de Seu tempo.


São também os mesmos fariseus que até hoje perguntam porque o padre opta por não se casar, e se utilizam de vários versículos fora de seu contexto para tentarem provar que padre TEM  de ser casado. Ora , eles agem como se tivessem algum interesse pelas coisas da Igreja que abandonaram.


Para eles hoje Jesus nos diz também sobre aqueles que optam por não exercerem a sexualidade por amor ao Reino, o amor do sacerdote pela cruz de Cristo que nos faz optar por sermos como Jesus, até mesmo na opção pelo amor universal.
E Jesus  termina por dizer> Quem puder compreender, que compreenda.


Fariseus e neo fariseus , jamais compreendem nada.

E nós? 

Frei Bento, frade menor e pecador.

Vocês conhecem o Pai Nosso de São Francisco?

Paz e Bem !

Queria contar para vocês mais uma seráfica estorinha, se me permitem.

Um dia os frades caminhavam rumo ao seu convento, junto com Frei Francisco. 


No caminho alguém convidou para rezar o Pai Nosso da seguinte maneira:

- Depois de cada Pai-Nosso, cada um jogue uma pedrinha no capuz.

Todos aceitaram a idéia. Alguns encheram logo o capuz, a ponto de vergar o corpo para trás.

Outros menos.

Alguém olhou curiosamente para o capuz de Francisco. 

Estava quase vazio. Tinha apenas uma pedra.

- Que é isso, Pai Francisco? Não está rezando?

- Estou sim. Mas fiquei parado na primeira palavra: Pai Nosso.

É que a experiência de chamar Deus de Pai é única na nossa Fé, é a oração fundamental pois ao nos percebermos como filhos do Pai já é a nossa oração-realidade  mais profunda.  E deve ser o nosso maior encanto. 


Pois temos um Pai que não é um Pai exclusivo meu, é nosso e é isto que nos faz ser fraternos.

Pergunta de vida: Quanto mais nos aprofundamos na oração, tanto menos precisamos de palavras?

Bento, frade menor e pecador.

"Quem não é contra nós é por nós."

Paz e Bem !


O Evangelho lido hoje, Quarta Feira , é o texto de São Marcos 9,38-40.

Nele encontramos algumas passagens que foram incorporadas à nossa tradição oral, por serem frases muito fortes de conteúdo > a primeira é a que Jesus responde a S.João, quando este chega ate o Senhor e disse que proibiu alguém fora do grupo dos 12, que estava praticando a expulsão dos demônios em nome de Jesus, não sendo um deles.

Jesus age de forma diferente, dirá a João que quem faz o bem (expulsar demônios aqui significa isto), faz o que Jesus quer, retirar o mal do mundo, e fazendo o bem , tal pessoa não está contra Ele ,mesmo que não esteja com Ele.

E durante o texto o Senhor dirá tudo aquilo que é contra nós, o que nos desvia do caminho do seu seguimento> a falta de amor para com os pequeninos , para com os que têm sede de justiça.

São contra nós as nossas atitudes interiores e exteriores, que deverão ser arrancadas de nós para sermos intactos no caminho para Jesus.

São contra o Senhor os nossos sentimentos de intolerância com aqueles que amam o Senhor e O buscam de coração sincero , em honestidade de procura e de vida.

As perguntas que nos ficam seriam>

Tenho a atitude de João para com este homem que faz o bem em Nome de Jesus? Sou intolerante?

Acolho o pobre e o sedento vendo neles o rosto do Senhor?

Sou causa de escândalo para os que estão comigo?

O que devo cortar da minha vida para ser realmente o seguidor de Jesus Cristo?

Frei Bento, frade menor e pecador.

Dixit Dominus > Tu es Petrus. Et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam !

Paz e Bem !

O Evangelho de hoje, Terça-Feira, dia em que comemoramos a Cátedra de São Pedro, é o  texto de São Mateus 16, 13-19, onde Jesus faz  aquela pergunta aos Apóstolos que também faz a nós todos no decorrer da História:

 “E vocês quem dizem que eu sou ?”

Então Simão Pedro toma a palavra e responde por todos, confessando a sua Fé :

“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.

Segue-se então a constituição da Igreja sobre a Confissão de Pedro, a entrega a ele das chaves do Reino e a promessa de que nem a morte atingiria a Igreja de Jesus.

Simão , filho de Jonas, cujo nome foi mudado por Jesus desde o início para Pedro, é estabelecido como o fundamento da comunidade que Jesus está organizando e que deverá continuar no futuro, desafiando mesmo a morte. 

Jesus concede a Pedro o exercício da autoridade sobre essa comunidade, autoridade de ensinar e de excluir ou introduzir os homens nela. 

Mas o que fez com que Jesus gostasse tanto da confissão de Fé de São Pedro?

Foi o fato dele admitir que Jesus não é messias triunfalista e nacionalista, guerreiro, mas o Messias ,  o Filho de Deus vivo.

Para Jesus , Pedro é um “feliz", porque revela sua convicção de que os princípios que regem a comunidade que Jesus veio instituir,  são totalmente diferentes daqueles em que se baseiam as autoridades religiosas do seu tempo.

O messiado de Jesus é aquele que veio para anunciar Boa Nova aos pobres e aos cativos, a redenção , o ano da graça de Deus.

É Deus que veio habitar na nossa humanidade pecadora e nos resgatar da condição o pecado e da opressão.

E volto a me perguntar e a vocês>  como responderíamos a essa pergunta do Cristo?

Quem é Jesus para nós, Alguém que virá  nas nuvens num futuro improvável , para  arrebatar alguns do volante dos seus carros e os deixarem desgovernados, como eu já li em um  adesivo “gospel “?

Ou o Jesus que está na face dos nossos irmãos,  sobretudo os mais pobres e os mais abandonados, os menores,  os mais pecadores, os que estão nos desafiando e nos perguntando sempre:

"quem sou eu para você?"

Qual a "qualidade " de nossa resposta?


Frei Bento, irmão menor e pecador

Ser um cristão como São Francisco de Assis.

Paz e Bem !

Peço desculpas a todos por não ter sido possível fazer minhas tolas reflexões sobre o Evangelho deste Domingo.

Mas agora , já tarde da noite, me permitam falar de São Francisco.

Francisco....Um homem simples, que vivia em todo luxo,  um dia , após se recuperar de ferimentos em batalhas, encontrou uma capelinha em ruínas nos campos perto de sua cidade, era a igreja de São Damião,  e ela estava em ruínas.
Francisco se aproximou do que restava da construção e viu lá dentro que ainda havia uma imagem de Jesus Crucificado,

Ficou em silêncio diante do crucifixo. Foi quando ouviu uma voz vinda de lá que dizia:

Francisco, não vês que minha igreja está em ruínas? Reconstrua a minha Igreja".

Naquele momento Francisco Bernardone entendeu qual era o seu chamado, o que Deus reservara para ele. Imediatamente começou a reconstruir a capelinha em ruínas, mas, enquanto reconstruía S.Damião, ele reconstruiu a sua vida, se encantando com a pobreza do lugar e reunindo outros pobres para ajudá-lo na missão, conheceu de perto o que era a vida daqueles que nada tinham.

Quando terminou a reconstrução da pequena igreja, sua alma e seu espírito estavam reconstruídos também.

Mas a missão que Cristo lhe pedira era bem mais que reconstruir aquela modesta capela.

Jesus pediu a Francisco que reconstruísse a Igreja arruinada pela riqueza e pelo poder.

"Senhor que queres que eu faça"? Essa foi sua pergunta fundamental, procurou por toda a vida a Vontade de Deus e por fim a conseguiu quando Jesus lhe pôs nas carnes as marcas de sua Paixão.

Francisco era um outro Cristo, o primeiro depois do Único, o que trouxe o novo alento ao cristianismo, exatamente pelo carisma da pobreza, que é muito mais do que não ter posses e bens, é esvaziar-se de si mesmo como Jesus fez, quando esvaziou-se de Sua Divindade para se tornar humano como nós, Jesus se fez " Tão Humano que só poderia ser Deus".

Em Jesus Cristo , Deus nos visita e nos torna , não seus servos, mas seus amigos, na medida em que amamos o nosso próximo, seja ele quem for, amamos na sua identidade sem querer que esse próximo seja como nós, basta que ele seja como Cristo.

Foi essa a lição do Pai Seráfico, que está aí no mundo por 800 anos, uma novidade tão poderosa que fez de Francisco o Homem do Milênio segundo a Times no final do século passado, não foi Napoleão, não foi Einstein, não foi um Rei, um Presidente; o Homem do Milênio foi aquele pobrezinho de Assis, que reconstruiu o cristianismo a partir da pobreza e do serviço ao irmão.

Essa lição devemos entender nas nossas vidas de hoje, e devemos reconstruir nossas Igrejas na perspectiva do serviço , do cuidado com o próximo, na promoção humana, no resgate da dignidade do nosso semelhante mediante o Evangelho de Jesus, o único caminho, verdade e vida, que Francisco trilhou.

Vamos tentar imitar os gestos de Francisco que na realidade são os gestos de Jesus?

Frei Bento, frade menor e pecador.

Transfigurationis Domini Nostri Jesu Christi.

Paz e Bem !

Hoje , Sábado,   São Marcos 9, 2-13  nos levará a subir a Montanha, lugar onde sempre nos encontramos com Deus.

Subamos juntos , com Jesus, Pedro, João e Tiago . E lá no alto nos encontramos com Moisés e Elias.

E Jesus entra em comunhão perfeita com o Pai e seu rosto se torna resplandencente e suas vestes cheias de luz.

Jesus se transfigura.

E ainda podemos ouvir,   ainda hoje, a Voz de Deus que sempre nos diz , por todos esses séculos> “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz!"

A presença de Moisés e Elias nos remete à Lei e ao Profetismo, eles estão ao lado do Cristo, porém Cristo é maior ; Ele é o Escolhido, e o Amor que envolve o Cristo e o Pai é tamanho que Seu rosto resplandece.

Deus não diz, escutai a Lei, ou escutai os profetas.

Deus nos diz para escutarmos o Filho, o que o Filho nos diz, e o que o Cristo nos diz é maior do que diz a Lei e mais importante do que disseram os Profetas.

Ele nos falará  do Amor, como na última ceia que se avizinha,o  Amor como novo mandamento: Amai-vos uns aos outros como Eu vos tenho amado.

Pedro,  João e Tiago querem perenizar aquele momento na Montanha onde Deus fala, querem erguer tendas, como nós armamos nossas barracas nas Serras mais lindas,  para permanecermos em comunhão interior também com O Pai.

Mas a mensagem do Pai já havia sido dada: “Escutai-O”.

Então me lembro de  São Paulo salmodiando: "Pergunto, agora: Acaso não ouviram? Claro que sim! Por toda a terra correu a sua voz, e até os confins do mundo foram as suas palavras". (Sl 18,5). (Rom. 10, 18)

O que nos diz o Cristo hoje?

O que Ele nos diz transfigura-se no Seu Rosto.

Mas qual  é o Rosto do Cristo hoje?

Hoje vemos tantos rostos lindos, rostos de pessoas tão bonitas,  de modelos,  em revistas de moda, em comerciais da TV. 

Rostos esteticamente perfeitos de pessoas aparentemente perfeitas, desfrutando o bem da vida; parece que nos dizem : vejam como é bom ser rico, ser próspero, ser consumista!!!

Consumam o produto tal que você ficará tão bonito e feliz como eu sou..!!!???

Mas o que vemos na vida ?

Vemos tantos rostos desfigurados pela dor, pela fome, pelo pecado, pelas injustiças, pelo abandono, pelas drogas,  os rostos dos  sem chão, sem emprego, sem saúde.

Dos sem ninguém....

Será este rosto de Jesus ,  que pouco depois do Tabor , daqui a alguns dias, poderemos contemplar no Calvário.

Transfiguremos o mundo com Jesus.

 

Frei Bento , um irmão menor e pecador.

O seguimento de Jesus é uma proposta que encontra abrigo em corações livres.

Paz e Bem ! 

Lemos no Evangelho de hoje Sexta –Feira é o texto de S. Marcos 8, 34-37 -  9 ,1 > onde Jesus nos propõe  >" Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga.  Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perde a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la.”

E diz mais > diz que quem quiser ganhar o mundo inteiro se perde a sua vida? O que podemos dar em troca de nossas próprias vidas?

Sim, o seguimento de Jesus é sempre a escolha entre o mundo e seus descaminhos > e a vida de cruz que o Evangelho contém, mas que sempre termina na ressurreição.

Mas perder a vida pro causa de Jesus não significa perder  a alegria , perder o sentido da vida, é antes um encontro consigo mesmo, mediado pelo Cristo que nos diz  ser seu fardo leve e seu jugo suave.

Deixar tudo e seguir Jesus, é antes uma vocação, que encontra na vida religiosa e sacerdotal um grande desafio.

Mas também a vida do matrimônio é uma espécie de sacerdócio, onde o homem e a mulher se unem e se tornam uma só carne para cumprir o desejo de Deus de serem fecundos.

Ora a fecundidade não significa apenas a paternidade e a maternidade, é também a fecundidade do testemunho que  Jesus nos pede a todos hoje, a coragem para nos dizermos cristãos e de darmos nossas vidas pelo Evangelho, é também um convite para que não nos envergonhemos dos Senhor da vida, que sejamos cristãos nas nossas atitudes.

Evangelizar é buscar ter as atitudes de Jesus para com os nossos irmãos, sobretudo os mais pobres e esquecidos.

Mas á uma proposta.... Sempre!

Todas as vezes que Jesus fala sobre segui-Lo, Ele sempre propõe: "se queres ser perfeito...", "quem quiser vir após mim...", etc.

Nunca é forçado, é sempre uma proposta, que encontra abrigo naqueles que se dispõem ao serviço dos irmãos por amor a Cristo.

Há sempre uma cruz associada ao seguimento de Cristo, uma cruz que compartilhamos com Ele. Mas  não é nunca um caminho de alienação e sim de compartilhar cruzes, no sentido de que devemos sempre levar em consideração nossos limites e levar a frente o projeto de Jesus de salvação e de amor.

Lembremos então do fermento dos fariseus, daqueles que querem nos impor um “Jesus” que não tem as atitudes verdadeiramente evangélicas , a caridade, a mansidão , a humildade.

Porque assim , não é a Jesus que querem que nos convertamos, é a eles mesmos....

Frei Bento, irmão menor e pecador.

Quem é Jesus para vocês ?

Paz e Bem !

Caríssimos , o Evangelho de hoje, Marcos 8, 27-33, marca uma espécie de segunda parte deste Evangelho. Antes Marcos nos apresentou Jesus como Filho do Homem, como Filho de Maria, mas não o descrevia como o Messias. Assim sendo, os discípulos,  por muitas vezes,  não entenderam o valor dos sinais que Jesus fazia através dos milagres que operava, e que lemos quase todos nas narrativas desses ultimos dias.

Agora , o Senhor Jesus eleva o tom, Ele quer saber deles o que o povo pensava Dele, 
“Quem dizem os homens que eu sou?”, é a pergunta que Jesus faz aos seus.


E recebe as mais diversas respostas dos discípulos, talvez eles mesmos pensassem assim sobre quem era Jesus > “ Alguns dizem que és João Batista, outros,  Elias, outros,  algum dos profetas”, são as respostas que dão ao Senhor.

E Jesus então reduz o universo da sondagem, Ele quer saber o que  eles pensavam sobre Ele, isto é como se Ele dissesse>  “tudo bem, mas e vocês? Diante de tudo que testemunharam,  quem dizem que Eu Sou?”

Parece que  todos emudeceram, o que vem confirmar a aparente confusão que faziam sobre a Pessoa do Senhor, o que  motivou,   inclusive,   Jesus ter de  lhes dizer para se cuidarem do fermento dos fariseus, que poderia também contaminá-los.

E Pedro então confessa sua Fé dizendo:  Tu és o Messias” !

Em Mateus , este trecho se desdobra a partir desta confissão de São Pedro no episódio da edificação da Igreja sobre o Apóstolo, sobre o caráter divino da Igreja que Jeuss edificaria sobre aquele pobre pescador, e sobre a vitória dessa Igreja, sacramento do Senhor, sobre o mal.

Mas em Marcos, Pedro apenas confessa a sua Fé e a seguir Jesus lhes manda calar.

Ele ainda tem em mente o fermento farisaico, daqueles que esperavam ver no Messias um libertador político, e não o Messias que é de condição divina ,mas que se esvazia dessa divindade e se tornando um homem , como  nós, se humilha ainda mais, fazendo-se de servo, e morrendo em morte e morte de cruz, conforme a Kenosis de São  Paulo na Carta aos Filipenses 2, 6- 11.

E hoje Jesus manda que os discípulos se calem, porque o Seu messiado não é o messiado da guerra e das glorias humanas, Ele não é um rei , ao modo do mundo, Ele é mais que o Messias, Ele é o Servo de Javé, como o Profeta Isaias  o chamaria.


Diz-lhes Jesus : “ O Filho do Homem terá de sofrer muitos, de ser rejeitado pelos anciãos , pelos chefes dos sacerdotes e doutores da lei, deve ser morto e ressuscitará após o terceiro dia”

É esta a nossa Fé.

Então Pedro, que acabara de fazer sua confissão de Fé se sente abalado na sua crença, e  chama Jesus à parte e O repreende por falar assim.

Mas Jesus é quem dirá a Pedro que sua atitude é diabólica, no sentido de procurar impedir o inevitável, de procurar dividir o rebanho, e o chama de satanás.

Pois as coisas de Jesus são coisas de Deus, e  as de Pedro são coisas dos homens.

Somos também assim,  muitos de nós ainda esperam ver o Cristo vindo em tronos de glória, procuram um Cristo voltando pelas nuvens, e lhes dando uma série de benefícios materiais, “arrebatando” aqueles que compraram a suposta salvação através da observância farisaica da lei, sem a perspectiva da misericórdia.

Esses agem como Pedro agiu , quando quis que o Senhor fizesse o que ele queria, não o que deveria ser feito,  e como deveria ser feito.

Por isso Pedro é repreendido,   por isso  os novos fariseus transformam a Pessoa de Jesus, do Servo,  em servidor deles,  contaminados que estão pelo fermento dos fariseus e pelo fermento do poder e das riquezas de Herodes.

E nós, o que responderíamos ao Senhor se Ele  nos perguntasse> e para vós quem Eu Sou?

Frei Bento, frade menor e pecador.

Sobre a Parábola do rico e do lázaro.

Paz e Bem !

O Evangelho  de Lucas 16, 19-31 nos trás a  Parábola do rico e do lázaro.

Nesta passagem o Senhor nos conta a história de dois personagens tão antagônicos, o rico, e o  lázaro.

O homem  rico que vestia roupas muito caras e todos os dias dava uma grande festa.

E  o lázaro, que tinha o corpo coberto de feridas, e que costumavam largar perto da casa do rico. O  lázaro ficava ali, procurando matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do homem rico.

Ambos morreram, o lázaro foi para o “seio de Abraão” que, antes da ressurreição de Jesus, era  chamado o "lugar"  para onde iam os justos na crença judaica.

No sentido bíblico ,  seio de Abraão é a fonte da vida,  onde nasce o povo de Deus. Lázaro, o pobre, pertence ao povo de Deus, faz parte do povo de Abraão.

O rico que pensa de ser também ele um filho de Abraão, morre, é sepultado e não é levado para o seio de Abraão, mas é levado para a sepultura.

Assim termina a introdução à parábola, o verdadeiro ensinamento chega agora através dos diálogos que se seguem.

O rico não tem um nome,  o pobre tem um nome , ele é o lázaro, talvez menos um nome e mais uma condição de sua doença  > lázaros eram os que sofriam da hanseníase, da lepra.  Prefiro crer nesta última versão, é a doença que o identifica e não um nome próprio.

Uma janela se abre para o outro lado da vida, entre o lado de Deus e o lado do mal, mas aqui não é céu nem inferno os locais de destinação dos dois, mas uma referência ao verdadeiro lado da vida, que nos vem pela descoberta da Fé.

A Fé,  que o rico sem nome não teve durante a vida, não era ideologicamente compreensível para ele. Mas na morte ele compreende o verdadeiro sentido da vida.

Mudaram-se os cenários, agora, o rico sofre, o pobre é feliz.

Ao ver o lázaro feliz , o rico descobre que era o lázaro é o seu único benfeitor.

Mas agora é tarde demais!

O rico reconhece Abraão e o chama de Pai. Abraão lhe responde e o chama de filho.

Isto está dirigido a todos os ricos vivos como um alerta:

Vocês se tornarão filhos de Abraão >  se abrirem  as suas  portas aos lázaros que nelas se encontram .


Quando vivo, entre o rico e o pobre havia apenas um abismo,  uma porta que jamais foi aberta,  agora, havia entre os dois o derradeiro abismo.

O primeiro abismo que era a porta da casa do rico fechada ao sofrimento do lázaro, foi o que determinou o segundo e derradeiro abismo, aquele onde nem uma gota de água poderia minorar os sofrimentos do rico no Hades.

E aqui , na resposta de Abraão ao rico feito pobre, aparecem os "ais" das bem aventuranças que Lucas escreverá no capitulo 6, 25-26 : "Mas ai de vós, ricos, porque tendes a vossa consolação!Ai de vós, que estais fartos, porque vireis a ter fome! Ai de vós, que agora rides, porque gemereis e chorareis! Ai de vós, quando vos louvarem os homens, porque assim faziam os pais deles aos falsos profetas!"

Mas o rico insiste: “Suplico-te então, pai, que mandes o lázaro à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos”.   O lázaro, o pobre, é o único intermediário entre Deus e os ricos. Mas o rico, durante a sua vida nunca se preocupou com o pobre lázaro. Preocupou-se unicamente consigo mesmo, mantendo a porta fechada. A resposta de Abraão é clara: “eles têm Moisés e os profeta”. Por outras palavras, eles têm a Bíblia. Na verdade, o rico tinha a bíblia, mas nunca entendeu que o pobre era a chave das escrituras,  que ele provavelmente tão bem conhecia.

Mas o rico diz :  “Não, pai Abraão; mas se for a eles algum dos mortos, arrepender-se-ão”

Finalmente, o rico reconhece que errou e fala agora de conversão. Coisa que ele nunca fez na sua vida. Ele quer um milagre! Abraão lhe responde, dizendo que se não acreditarem na bíblia, também nem que vejam um morto ressuscitar vão acreditar. Termina aqui o diálogo. A chave para entender a bíblia e a salvação é o pobre lázaro, sentado à porta do rico!

Somos tão ricos  que nem vemos os lázaros sentados à nossa porta? Ou somos Lázaros, sentados nas portas dos ricos e por isso somos a chave do entendimento de tudo o que Cristo nos disse: “Bem-aventurados vós que agora tendes fome, porque sereis fartos! Bem-aventurados vós que agora chorais, porque vos alegrareis”?

Frei Bento irmão menor e pecador.