Paz e Bem !
O Apocalipse é tantas
vezes lido numa perspectiva escatológica, sempre com a tendência de situar os
acontecimentos simbolicamente ali contidos como uma promessa para um vago
futuro.
E dando chances aos
esquizofrênicos de procurar identificar a simbologia do texto com figuras ou
instituições atuais, só varia o "atual" da esquizofrenia, permitindo
sempre uma chance de atualizar em oportunismos, o que querem identificar como
prefigurado na Revelação de São João.
Entretanto o Apocalipse é muito mais um livro da consolação do que da predição,
um escrito de conforto e não de amedrontamento.
Escrito para as Igrejas da Ásia Menor que ao tempo de João, final do primeiro
século, até o quarto século, viveram a trágica experiência da perseguição, da
morte cruel por confessarem a fé em Jesus com a efusão do sangue.
Assim se desenvolve a trama do Apocalipse que se pode traduzir a grosso modo na
eterna batalha entre o bem e o mal,com a vitória final do Cordeiro e da
promessa de seu retorno.
O Apocalipse termina com a resposta do Senhor ao apelo pela sua volta: Sim! Eu
venho depressa! Amém. Vem, Senhor Jesus!
Mas o “Sim, venho em breve” significa que hoje, como ontem, o Senhor vem, mas
não para terminar a história, para assinalar o fim do mundo, as coisas finais.
Não, Ele vem para aqueles que padeciam e continuam a padecer as injustiças, as
perseguições, o desamor, para “terminar e colocar fim” a tudo o que se oponha à
vida, ao amor, à paz e à justiça".
É este o contexto do Apocalipse de João que tantos exploram para inculcar
tantas crendices, tantas superstições, tanta ofensas àqueles que creem de forma
diversa.
O Apocalipse não é o fim, ele será sempre o presente daqueles que sofrem e
esperam no Senhor, na iminência de suas vidas, não na vaga promessa
escatológica.
Por que distorcem tanto este texto para provarem o que não está nele escrito?
A linguagem extremamente simbólica do texto é que dá margem a tantas
superstições e crendices?
Frei Bento, frade
menor e pecador
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